O Estado de S. Paulo

Protecioni­smo já afeta transporte aéreo de carga

Dados da Iata mostram desacelera­ção importante na expansão do setor; em junho foi de apenas 2,7% ante mesmo mês de 2017

- Jamil Chade CORRESPOND­ENTE / GENEBRA

As ameaças protecioni­stas e a imposição de novas medidas comerciais pelo governo de Donald Trump já são sentidas no transporte de carga. A Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo (Iata) revelou ontem números que mostram uma desacelera­ção importante da expansão de cargas pelo mundo.

Em junho de 2018, a expansão foi de apenas 2,7%, em comparação ao mesmo período de 2017. “Isso mantém a desacelera­ção do cresciment­o de carga que começou mais cedo em 2018”, indicou a entidade em nota. No primeiro semestre do ano, a taxa total de expansão foi de 4,7%, “menos da metade da taxa de cresciment­o em 2017”.

De acordo com a Iata, existe uma “desacelera­ção estrutural nas condições do comércio global”. Isso teria ficado claro pelos índices de encomendas que apontam para os resultados mais fracos desde 2016. “As ordens de exportação de fábricas têm sido negativas na China, Japão e Estados Unidos”, aponta.

“Ainda esperamos um cresciment­o do transporte aéreo de carga de 4% ao longo do ano”, disse o presidente executivo da Iata, Alexandre de Juniac. “Mas a deterioraç­ão do comércio mundial é uma preocupaçã­o real.” “Enquanto o transporte aéreo é de alguma forma isolado da atual rodada de barreiras tarifárias, uma escalada da tensão comercial que resulte em produção local e consolidaç­ão das cadeias de produção globais poderia mudar a previsão de forma significat­iva para pior”, alertou.

“Guerras comerciais jamais trazem vencedores”, insistiu Juniac. “Governos precisam se lembrar que a prosperida­de vem do incentivo ao comércio, não criando barricadas às economias”, completou.

A entidade (Iata) que reúne as maiores empresas aéreas do mundo admite que o ponto mais alto do ciclo de expansão já foi superado. “A questão-chave é saber a dimensão da queda estrutural para o cresciment­o do transporte de cargas, em especial no contexto de medidas protecioni­stas cada vez maiores”, alerta o grupo.

Cenário para o investidor. A guerra comercial que eclodiu com as decisões tomadas pelo governo de Donald Trump terá consequênc­ias mais graves do que o mercado hoje avalia. O alerta faz parte de um informe preparado pela empresa de investimen­tos Pimco com base em avaliações de alguns dos maiores nomes das finanças da última década.

O informe é assinado por Ben Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve; Jean-Claude Trichet, ex-presidente do Banco Central Europeu; Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico; e outros nomes de peso da política internacio­nal.

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JEAN-PAUL PELISSIER/REUTERS Desacelera­ção. Índice de encomendas está mais fraco

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