O Estado de S. Paulo

Senado proíbe cobrança para marcação de assentos.

Projeto, que eliminará prática já adotada por algumas companhias no País, ainda precisa ser aprovado na Câmara para entrar em vigor

- Renan Truffi / BRASÍLIA

O Senado aprovou ontem um projeto de lei que prevê marcação antecipada e gratuita de assento em voo nacional. A proposta é de autoria do senador Reguffe (sem partidoDF) e segue agora para análise da Câmara. Se for aprovado da forma como está pelos senadores, segue para sanção presidenci­al.

Pelo texto aprovado hoje, “fica vedada a exigência de qualquer valor adicional pela companhia aérea” para marcação antecipada de assento em voos operados no território brasileiro. Reguffe justifica em sua proposta que prática é “abusiva” e sugere multa às companhias que desrespeit­arem a medida.

A discussão do tema no Plenário gerou fortes críticas à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Parlamenta­res lembraram que, recentemen­te, a agência também aprovou em resolução autorizand­o as companhias a cobrar pelo transporte de bagagem. Em dezembro de 2016, o Senado também aprovou um projeto, de autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), que susta a decisão da Anac e impede a cobrança pelo despacho de bagagens. O projeto ainda está em tramitação na Câmara.

Senadores aproveitar­am para criticar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem acusam de “sentar em cima” da medida. Maia afirmou que impedir as operadoras de cobrar pela franquia de bagagem ou pela marcação de assentos não vai resolver o problema dos preços. “Respeitand­o a opinião dos senadores, este tema da bagagem e assento apenas uniformiza o mercado brasileiro ao internacio­nal, mas não vai ajudar a reduzir tarifa”, afirmou. Ele defendeu a ampliar para 100% a participaç­ão de capital estrangeir­o em empresas aéreas para ampliar a concorrênc­ia.

Em nota, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) disse que, desde a entrada em vigor das novas regras das bagagens, as companhias passaram a oferecer uma nova classe tarifária, com valores mais baixos. Segundo a entidade, cerca de dois terços dos bilhetes são vendidos nesta categoria. A Abear argumenta que o preço do querosene de aviação teve aumento nos últimos 12 meses de quase 45%. A entidade diz ainda que o dólar acumula alta de 8,5% no ano, impactando diretament­e os custos do setor. “Desde o início do ano, as companhias vêm buscando alternativ­as para evitar repassar tais custos integralme­nte aos passageiro­s.”

Para o especialis­ta no setor aéreo André Castellini, sócio da consultori­a Bain & Company, a cobrança pela escolha do assento não é estratégic­a para as companhias. “É uma oportunida­de a menos para elas ganharem receita auxiliares, mas não é um tema estrutural. Não é isso que muda o jogo.”

A Latam, que deve começar a cobrar pela escolha do assento na semana que vem, disse, lamentar “uma norma que vai na contramão dos modelos de prestação de serviços adotados por toda a aviação mundial”.

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