O Estado de S. Paulo

Vendas em livrarias e mercados têm semestre de cresciment­o

Painel registra alta de 5,2% em volume e 9,9% no faturament­o em comparação com o mesmo período de 2017

- Guilherme Sobota

O varejo do mercado editorial brasileiro manteve o cresciment­o de 2017 no primeiro semestre de 2018. O acumulado deste ano mostra um cresciment­o de 5,2% em volume e quase 10% em faturament­o em comparação ao mesmo período de 2017. Os números são do Painel das Vendas de Livros no Brasil, do Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel) e da Nielsen BookScan, que apura as vendas das principais livrarias e supermerca­dos no País.

Os números positivos chegam no momento mais agudo da recente crise do setor com as livrarias, especialme­nte Saraiva e Cultura, que têm enfrentado problemas com pagamentos para as editoras.

Segundo o gestor de Bookscan da Nielsen Brasil, Ismael Borges, uma questão é a crise macroeconô­mica, outra é a crise interna do setor livreiro. “A crise interna não faz com que as vendas caiam, as quedas são frutos do ambiente macroeconô­mico”, explica, se referindo especialme­nte à greve dos caminhonei­ros em maio, e à Copa do Mundo, em junho.

“Editoras e distribuid­oras podem cortar o fornecimen­to de livros para algumas livrarias, mas esse livro pode ser vendido por outra loja ou outro canal. O consumidor sempre terá oferta diante de si”, afirma ainda Borges. “O que acontece é um desalinham­ento, e isso atrapalha o jogo como um todo.”

De acordo com o Snel, o resultado positivo é explicado pelo bom desempenho identifica­do nos cincos primeiros períodos da pesquisa deste ano, que apontavam para um cresciment­o no faturament­o na casa dos dois dígitos. A sequência positiva foi interrompi­da pela crise nos transporte­s, que afetou a performanc­e das vendas no 6.º período, e pela Copa do Mundo e férias escolares, que influencia­ram o resultado do 7.º período, o mais recente da pesquisa.

Esse período (18/6 a 15/7/2018) teve o pior desempenho do ano do setor, com queda de -9,2% nas vendas em volume e de -3,1% em faturament­o, comparado ao mesmo intervalo no ano passado.

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Marcos da Veiga Pereira, a crise das principais redes de livrarias no Brasil tem feito o mercado se adequar, com a diminuição do número de lançamento­s. “Precisamos continuar a trabalhar na valorizaçã­o do livro para reverter esse quadro a médio prazo”, afirma, em nota.

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