O Estado de S. Paulo

Ato de supremacis­tas brancos fracassa

Washington. Grupo que organizou marcha em Charlottes­ville no ano passado convoca nova concentraç­ão na capital americana, mas é ofuscado por milhares de manifestan­tes de grupos pelos direitos civis que pediram resistênci­a e ocupação contra extremista­s

- WASHINGTON

Um ano após os confrontos que deixaram uma mulher morta e 19 feridos em Charlottes­ville, Virgínia, o grupo de supremacis­tas brancos tentou repetir o movimento de 2017, mas foi abafado por milhares de manifestan­tes que tomaram o centro de Washington contrários à concentraç­ão.

A rede de extrema direita havia convocado para ontem uma espécie de segunda edição da marcha de 2017, mas dessa vez na capital americana. Antes de o protesto começar, dezenas de integrante­s se reuniram na praça Lafayette para atender ao chamado da “Unite the Right 2”, em defesa dos “direitos civis brancos”.

Promotor da manifestaç­ão do ano passado, Jason Kessler havia pedido autorizaçã­o para marchar em Charlottes­ville, a menos de 200 km de Washington, mas as autoridade­s da cidade a negaram.

Em reação à convocação, diversos grupos dos direitos civis e antirracis­tas, como o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), começaram uma concentraç­ão pacífica em frente à Casa Branca, com cartazes que diziam “não aos nazistas, não a Ku Klux Klan, e não aos EUA Fascistas”.

Os organizado­res do #OccupyLafa­yettePark, um grupo de defesa de direitos civis que realiza protestos noturnos na praça, seguravam cartazes dizendo “Love America, Hate Trump” (Ame a América, Odeie Trump) e “Defend The District From White Supremacy” (Defenda a cidade contra a supremacia branca)” desde a noite de sábado.

“Alguns dizem que a melhor estratégia é ignorar os supremacis­tas brancos, que não devemos lhes dar muita atenção. Mas nós realmente acreditamo­s que seria um erro enorme deixar que os fascistas pisem forte no solo da capital do país, sem oposição”, disse à agência France Press Kei Pritsker, de 22 anos, integrante da Answer Coalition, grupo antirracis­mo.

Temendo outros distúrbios como os do ano passado, a polícia americana reforçou o esquema de segurança para manter os dois movimentos separados e evitar as brigas de rua. Em 2017, no centro de Charlottes­ville, a moradora Heather Heyer foi morta quando o simpatizan­te neonazista de Ohio James Fields dirigiu seu carro contra a multidão de manifestan­tes.

Ontem, todas as armas de fogo foram proibidas no local dos protestos na capital, até mesmo para cidadãos que tivessem licença para portá-las.

Kessler tentou fazer um discurso na praça Lafayette sobre os “direitos civis dos brancos”, mas foi interrompi­do pelos milhares de manifestan­tes antirracis­mo que estavam no local – alguns usavam máscaras pretas, capacetes e coletes do movimento Antifa, que esteve envolvido nos confrontos de 2017 em Charlottes­ville.

Com o fracasso da marcha, o grupo de supremacis­tas brancos foi retirado da praça próxima à Casa Branca e conduzido pela polícia em vans brancas até a estação de metrô Rosslyn, de onde pegariam um trem para Vienna e poderiam ser escoltados até seus carros.

Cerca de 200 manifestan­tes mascarados derrubaram latas de lixo e gritaram slogans contra a polícia.

No ano passado, os policiais também foram criticados pela resposta passiva diante da violência na manifestaç­ão supremacis­ta.

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ERIC BARADAT/AFP Protesto. Grupos antirracis­tas, como Black Lives Matter, marcham na capital americana
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