O Estado de S. Paulo

Fabiula Nascimento.

Aos 40 anos, atriz fala sobre boa fase, entre filmes e novela.

- Luiz Carlos Merten

Fabiula Nascimento adora a série The Handmaid’s Tale. Está lendo o livro. “É muito bacana, mas o melhor é a Elizabeth Moss. Que atriz incrível!” Também curte Samantha. “É uma delícia.” Fabiula migrou para as séries. Não tem visto muitos filmes, um pouco por falta de tempo. Não está vendo nem os dela. Na segunda, 6, veio a São Paulo para as entrevista­s do longa Como É Cruel Viver Assim, de Júlia Rezende, que estreia nesta quinta, 16. Conversou no fim da tarde com o repórter do Estado e correu para o aeroporto. Nem compareceu à première paulista. “Amanhã (terça) tenho de estar às 8 no Projac, para um dia puxado de gravações.”

As gravações são da atual novela das 9, Segundo Sol, em que Fabiula faz Cacau. Dividida entre os personagen­s de Caco Ciocler e Fabricio Boliveira, no outro dia tomou o maior pau do segundo, Roberval, e em plena cena do que seria o casamento dos dois. “Foram sete horas corridas de gravação, mas antes tivemos dois dias de ensaio, porque tinha muita violência física envolvida.” Além de Segundo Sol e Como É Cruel Viver Assim, Fabiula está com outro filme em cartaz, O Nome da Morte, de Henrique Goldman, como a mulher do assassino de aluguel criado por Marcos Pigossi.

De todas essas personagen­s, é a que menos tem a ver com ela. “É uma mulher submissa ao marido, mesmo depois das descoberta­s terríveis que faz sobre ele. A história é real e o Marcos diz que o personagem dele é produto da nossa falta de cultura, de informação. Sua mulher, também. Representa uma parcela muito grande de mulheres oprimidas do Brasil, sem consciênci­a nenhuma de sua identidade, de seus direitos.” É o oposto de Cacau. “Ela pode até se enganar, se atrapalhar, mas sabe o que quer, tem consciênci­a da sua sexualidad­e. Eu digo que Cacau sabe o que lhe dá prazer.” E a dona de casa que embarca na história de assalto do marido em Como É Cruel Viver Assim? “Não é uma dona de casa suburbana como as outras. Tem o salão (de beleza), que lhe dá independên­cia financeira. Se embarca nessa viagem perigosa, é por amor ao marido, e isso eu entendo.”

O repórter, que acompanha Fabiula há tempos, não se furta de observar que ela está mais linda que nunca. Essa beleza toda tem nome? “Tem, sim, meus três cachorros. Dois vira-latas e um de raça. São os meus beibes.” Jura? E o gostosão não conta nada? Fabiula está casada com Emilio Dantas, o Beto Falcão de Segundo Sol. Embora dividam o elenco da novela de João Emanuel Carneiro, não pertencem ao mesmo núcleo da trama. Ela derrete-se – “É o amor da minha vida”. Então, logo-logo vamos ter uma creche, brinca o repórter. “Que é isso, cara? queremos filhos, sim, mas não vai ser tudo isso, não.” Fabiula está num momento especial. Nesta semana, entra nos ‘enta’. 40 anos! Começou cedo – em Curitiba. Aos 17, concorrend­o com várias candidatas, fez um ratinho em Cinderela.

A seguir, participou de espetáculo­s de humor e, em 2008, aos 30, houve o estouro de Estômago, de Marcos Jorge. Que mulher é essa? Não parou mais. Como a cabeleirei­ra Olenka, estreou em telenovela­s, e justamente em Avenida Brasil, de 2012, outro texto de João Emanuel Carneiro, que virou marco da teledramat­urgia nacional. Tem mais dois filmes por estrear. Morto não Fala, de Dennison Ramalho, faz sucesso em festivais de terror. Daniel de Oliveira é o cara da morgue que conversa com os mortos. Um lhe diz que está sendo traído pela mulher. Ele mata o amante, mas, por acidente, mata também a mulher. E Fabiula volta como morta-viva.

“É a coisa mais difícil de fazer. O corte, a montagem, a música criam o clima, mas você tem de atuar dura, toda retesada, uma voz que não é natural. É um suplício!” Talvez não tenha sido maior que o do papel em Pluft, o Fantasminh­a, que Rosane Svartman adaptou da peça de Maria Clara Machado. O filme está todo rodado, mas a pósproduçã­o é trabalhosa. Para reproduzir os movimentos diáfanos dos fantasmas, Rosane optou por filmar num piscinão e depois eliminar digitalmen­te a água. No começo do ano, o repórter visitou o set aqui mesmo na Grande São Paulo e lá estava Fabiula Nascimento falando (ou pelo menos fazendo movimentos labiais) debaixo d’água. Nenhum desses desafios lhe mete medo. Como mulher do seu tempo, Fabiula adora ser testada, e testar-se. Nas raras horas vagas, curte uma praia. “Amor (é como chama o maridão), vamos dar um mergulho.” A praia é em frente à casa, no Rio. A água energiza, Fabiula é do mar. Emílio Dantas a acompanha, mas prefere o mato. “E eu vou também”, ela arremata.

Ela pode até se enganar, se atrapalhar, mas sabe o que quer, tem consciênci­a da sua sexualidad­e. Eu digo que Cacau sabe o que lhe dá prazer”

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IARA MORSELLI / ESTADÃO Mar. Atriz adora praia e diz que a água energiza
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JOÃO MIGUEL JÚNIOR/ GLOBO Roberval. Cena de Cacau/ Fabiula com o amante vingativo

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