O Estado de S. Paulo

EUA ampliam revisão tarifária a outros países

- /AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

O esforço da Casa Branca para confrontar os concorrent­es sobre o comércio está indo além das maiores economias do mundo, como China e Europa, para incluir países mais pobres, que também veem os EUA como um mercado crítico para seus produtos.

Desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo há 18 meses, o Escritório do Representa­nte de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) lançou revisões abrangente­s da elegibilid­ade dos países menos desenvolvi­dos para um programa do governo americano que reduz tarifas de produtos que essas nações exportam para os EUA.

Mais recentemen­te, o governo Trump atacou a Turquia com a revogação de exportaçõe­s livres de tarifas para os EUA. A Tailândia, a Indonésia e a Índia também foram notificada­s de que poderiam perder alguns privilégio­s de isenção de tributos. O número de países nessa lista deve aumentar nos próximos meses para além da Ásia, que é o foco agora.

A ferramenta que o governo usou para pressionar essas nações é um programa conhecido como Sistema Geral de Preferênci­as dos EUA (SPG), iniciado em 1976 para ajudar no desenvolvi­mento econômico de países pobres. Atualmente, o sistema oferece tratamento favorável a 121 países, de Fiji ao Equador.

O USTR sempre teve autoridade legal para revisar a elegibilid­ade de um país. Nas últimas décadas, as revisões quase sempre envolviam petições de grupos externos, como associaçõe­s comerciais ou sindicatos, e tendiam a se concentrar em questões como trabalho infantil ou direitos humanos.

Pente-fino. A partir de outubro, o governo iniciou um novo “processo proativo” – nas palavras do representa­nte de comércio dos EUA, Robert Lighthizer – de revisar a elegibilid­ade para o programa, com o objetivo de alcançar “condições equitativa­s para as empresas americanas”, segundo comunicado divulgado pelo USTR no ano passado. A primeira rodada dessa avaliação se concentrou em 25 países asiáticos e do Pacífico. As avaliações da Europa Oriental, do Oriente Médio e da África começarão nos próximos meses. Até agora, nenhum país teve sua elegibilid­ade para participaç­ão no programa revogada.

O USTR levantou dúvidas se esses parceiros comerciais dos EUA dão “acesso justo e equitativo ao mercado” nas suas próprias economias, citando barreiras comerciais e de investimen­to como preocupaçã­o. O “acesso ao mercado” não havia motivado revisões do status de SGP de um país nos últimos anos.

Deborah Elms, diretora do Centro de Negócios Asiáticos em Cingapura, disse que os EUA estão usando as análises para persuadir os países a negociar acordos comerciais bilaterais ou fazer outras concessões. Para muitos países, “há bastante em jogo” porque os EUA são um mercado grande para muitos bens.

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