O Estado de S. Paulo

Bolsonaro será alvo na televisão

Estrategis­tas tucanos vão utilizar comerciais de 30 segundos no horário eleitoral para ‘desconstru­ir’ adversário

- Pedro Venceslau

A campanha do ex-governador Geraldo Alckmin, presidenci­ável do PSDB, vai usar suas inserções de 30 segundos no horário eleitoral no rádio e na TV para tentar “desconstru­ir” a candidatur­a de Jair Bolsonaro (PSL). O objetivo dos estrategis­tas é tentar preservar a imagem de Alckmin.

Os estrategis­tas da campanha do ex-governador Geraldo Alckmin, presidenci­ável do PSDB, decidiram poupar o tucano e usar os seus comerciais de 30 segundos no horário eleitoral no rádio e na TV para tentar “desconstru­ir” a candidatur­a de Jair Bolsonaro (PSL).

A ideia é utilizar locutores em off, entrevista­s antigas e efeitos gráficos nessa tarefa. Com isso, consideram, a imagem de Alckmin seria preservada.

A avaliação no PSDB é de que o candidato do PT estará no segundo turno. Nesse cenário, o candidato do PSL é apontado como o principal adversário na disputa pela segunda vaga.

A campanha de Alckmin pretende usar boa parte das 12 inserções diárias a que ele tem direito no rádio e na TV para apontar contradiçõ­es de Bolsonaro em sua trajetória.

Durante a preparação para o debate da TV Bandeirant­es com os presidenci­áveis na quinta-feira, auxiliares e aliados de Alckmin estavam divididos sobre a melhor estratégia no primeiro confronto direto da campanha. A maior parte do entorno do ex-governador defendia um embate direto com Bolsonaro logo na largada, mas o tucano resistia à ideia.

Fiel ao seu estilo, Alckmin testou todas as opções, mas deixou no ar qual seria sua escolha. Quando teve a palavra ao vivo, surpreende­u ao optar por acionar a ex-ministra Marina Silva, presidenci­ável da Rede. A escolha se repetiu em outras duas ocasiões. Esse episódio ilustra um dilema tático sobre a melhor forma de enfrentar o deputado do PSL, que tem direito a apenas um comercial a cada três dias.

Há quatro anos, a então presidente Dilma Rousseff usou seu poder de fogo na campanha à reeleição (a petista tinha a maior fatia do tempo de TV) contra Marina, então no PSB. A estratégia beneficiou o senador Aécio Neves (PSDB), que correu por fora e chegou ao segundo turno da disputa.

A discussão agora no entorno de Alckmin é sobre o tipo de munição a ser usada contra Bolsonaro. Parte de seus auxiliares avalia que seria um erro explorar suas posições polêmicas sobre ditadura militar, aborto, quilombola­s e o grupo LGBT.

A leitura é de que isso não cola nele, com exceção das mulheres. Como as falas considerad­as misóginas de Bolsonaro causam forte impacto no eleitorado feminino, esse caminho será explorado na TV.

A melhor forma de “desconstru­ir” Bolsonaro, disse um estrategis­ta de Alckmin, é apelar para suas contradiçõ­es, “deslizes éticos” (como receber auxílio-moradia tendo imóvel próprio) e falas ofensivas às mulheres.

Antipetism­o. Em outra frente, o foco de Alckmin em discursos e nas redes sociais será buscar o eleitorado que está “bolsonaris­ta”. Isso implica explorar o antipetism­o – mas sem mencionar a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. Na semana passada, Alckmin repetiu diversas vez um trocadilho com o número do PT: “13 anos de recessão, 13 candidatos a presidente e 13 milhões de desemprega­dos”.

A busca pelo campo de Bolsonaro e a aliança com o Centrão também empurraram a campanha para uma trilha mais à direita do que se projetava antes de o deputado do PSL se consolidar nas pesquisas. Bandeiras como descrimina­lização das drogas e redução de danos para dependente­s químicos e temas ligados à comunidade LGBT, por exemplo, ficaram de fora do plano de governo.

Entram em cena temas ligados à segurança pública, endurecime­nto de leis contra o crime, porte de armas no campo e propostas do agronegóci­o. A escolha de Ana Amélia como vice (PP-RS) ajuda nessa narrativa.

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ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL Palestra. Cármen falou no painel Democracia e Poder do Cidadão
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-9/8/2018 Debate. Alckmin chega à TV Bandeirant­es na quinta-feira

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