O Estado de S. Paulo

Mantega vira réu na Lava Jato por corrupção

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O juiz federal Sérgio Moro aceitou ontem denúncia contra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega por lavagem de dinheiro e corrupção na edição das Medidas Provisória­s 470 e 472 (“MP da Crise”). Na mesma ação, no âmbito da Operação Lava Jato, o magistrado rejeitou a acusação formal contra o ex-ministro Antonio Palocci.

Ao receber a denúncia e abrir ação penal contra Mantega, Moro disse que o petista tinha duas contas não declaradas no exterior, com US$ 2 milhões. Segundo o magistrado, o saldo de uma das contas só foi conhecido após o ex-ministro usar a Lei da Repatriaçã­o. Mantega é réu pela primeira vez na Lava Jato.

A denúncia havia sido apresentad­a pelo Ministério Público Federal na sexta-feira. Segundo a acusação, houve solicitaçã­o e pagamento de propina a agentes públicos na edição das MPs. As medidas provisória­s, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato, teriam beneficiad­o a Braskem, uma empresa do grupo Odebrecht.

Moro também aceitou a denúncia contra Marcelo Odebrecht e os ex-representa­ntes da empreiteir­a Maurício Ferro, Bernardo Gradin, Fernando Migliaccio, Hilberto Silva e Newton de Souza, e os publicitár­ios Mônica Santana, João Santana e André Santana.

“Ressalvo Antonio Palocci Filho. Segundo a denúncia, apesar de ele ter participad­o dos fatos e informado sobre o acerto de corrupção, consta que teria sido Guido Mantega o responsáve­l específico pela solicitaçã­o e pela posterior utilização dos cinquenta milhões de reais decorrente­s”, afirmou o juiz.

Segundo Moro, “pela narrativa da denúncia e pelas provas nas quais se baseia, carece prova suficiente de autoria em relação a ele (Palocci)”. “Rejeito, portanto, por falta de justa causa a denúncia contra Antonio Palocci Filho sem prejuízo de retomada se surgirem novas provas. Em decorrênci­a da rejeição, poderá, se for o caso, ser ouvido como testemunha.”

Preso. Palocci está preso desde setembro de 2016, alvo da Operação Omertà, que o levou a uma primeira condenação – 12 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão, por corrupção e lavagem de dinheiro. Palocci disse a Moro que havia um “pacto de sangue” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, e a Odebrecht.

Até a conclusão desta edição, a reportagem não havia conseguido contato com as defesas dos réus.

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