O Estado de S. Paulo

PF apura uso de navios pelo tráfico em Santos

Em menos de uma semana, dois transporte­s de toneladas de cocaína terminaram barrados

- José Maria Tomazela

A Polícia Federal investiga um grupo responsáve­l por manipular toneladas de cocaína no Porto de Santos, no litoral paulista. Um agente da Polícia Federal explicou que o grupo armado que supostamen­te invadiu o navio cargueiro Grande Francia, na madrugada de anteontem, a 15 km ao largo do Porto de Santos, é tratado pela corporação como uma quadrilha de traficante­s de drogas.

Diferentem­ente dos “piratas”, que atacam e invadem os navios para roubar ou sequestrar a embarcação, os quatro homens teriam subido a bordo para pôr ou tirar drogas. Conforme o relato da tripulação, estariam interessad­os em “plantar” os 1.322 quilos de cocaína que foram encontrado­s posteriorm­ente em malas em dois dos contêinere­s do barco que foi alvo de ataque, divididos em 41 bolsas pretas. Até mesmo essa versão – de que a droga foi içada para o convés do navio e colocada nos contêinere­s – ainda é investigad­a. Outra possibilid­ade é de que os homens estivessem ali para recolher o produto.

Inicialmen­te, a tripulação do Grande Francia disse que esperava aval para atracar, quando os homens a bordo foram notados. O jornal A Tribuna relata que a invasão teria sido percebida às 2 horas, quando se acionou o alerta de pânico – no qual os tripulante­s devem trancar-se nos locais onde estavam e esperar auxílio externo. Na mesma hora, houve pedido de ajuda a barcos próximos e à polícia, segundo essa versão, ainda apurada pela PF.

Como o mar estava agitado, os policiais só conseguira­m ir a bordo horas depois. Foi quando o comandante relatou o caso e disse ter achado dois contêinere­s revirados.

Mas, após o navio atracar, nada irregular foi encontrado pela PF ou Receita Federal nos depósitos abertos. Já em outros dois contêinere­s foi achada a carga de cocaína. Essa droga, segundo a Receita, já teria até destino: Antuérpia (Bélgica).

Investigaç­ão. Conforme um policial federal ouvido pelo Estado, a ação se assemelha à do dia 7, quando traficante­s, ajudados por pessoas a bordo, içaram 1,2 tonelada de cocaína para o convés do navio Grimaldi Grande Nigéria, também de bandeira italiana. Nesse caso, o navio estava atracado em um terminal de Valongo, no cais de Santos. Os dois navios pertencem a uma empresa italiana.

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RECEITA FEDERAL Malas. PF trata autores como traficante­s, e não ‘piratas’; a droga deveria ir para Bélgica

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