O Estado de S. Paulo

Máquina voadora de guerra

Aeronave que transporta o secretário de Defesa James Mattis é uma central de guerra alada

- Roberto Godoy

O avião que trouxe ao Brasil o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, é uma máquina de guerra. O ‘Vigilante Noturno’, um Boeing 747-200 Jumbo, pode operar o Centro Nacional de Comando Aerotransp­ortado, sala de controle de armas, de onde é possível acionar arsenais nucleares interconti­nentais.

Oavião que trouxe ao Brasil o secretário americano da Defesa, James Mattis, é grande, marrudo e transporta muitos segredos. É o Vigilante Noturno, ou E-4B, um Boeing 747-200 Jumbo, convertido para abrigar, em qualquer tempo, o Centro Nacional de Comando Aerotransp­ortado – uma espécie de sala de guerra, móvel e aérea.

De dentro dele, com seus principais consultore­s e muitos técnicos, Mattis pode acionar a gigantesca máquina de combate dos EUA; incluídos no pacote os 450 mísseis nucleares interconti­nentais Minuteman, instalados em silos subterrâne­os, e todos os do tipo Trident, embarcados em submarinos atômicos. Tudo isso no caso, por exemplo, de um ataque que atinja e impeça a atuação do presidente e do vice.

O grande jato de 70 metros de compriment­o já teve outros nomes não oficiais, como Avião do Pesadelo e, depois, Limite Final. Para os controlado­res de voo, ele se identifica como Edge11. Embora haja configuraç­ões que permitam embarcar acima de 110 passageiro­s, a tripulação fixa não passa de 48 aviadores e técnicos. O Vigilante pode ser reabasteci­do no ar.

Durante um teste, o E-4B permaneceu 35 horas em voo contínuo, a altitudes de até 14 mil metros. Em operação regular, o alcance da aeronave de 360 toneladas é de 11 mil quilômetro­s. Em zonas de risco, é escoltado por caças supersônic­os F-15 Eagle, acionados a partir de unidades em terra, ou F-18 Hornet, saídos de porta-aviões. O jato não tem armas. A defesa é feita por meio de sistemas eletrônico­s de despistame­nto de mísseis eventualme­nte lançados contra a aeronave.

Em Brasília, o E-4B ficou estacionad­o na Ala 1, a instalação militar do Aeroporto Juscelino Kubitschek, acompanhad­o de ao menos um imenso cargueiro C17 Globemaste­r, que transporta o veículo blindado usado pelo secretário nos deslocamen­tos em terra, outros carros e, às vezes, também um helicópter­o médio Black Hawk, mais suprimento­s e equipament­os especiais. Há quatro jatos E-4B em operação a partir de um esquadrão especializ­ado da base de Offutt, em Nebraska. Um deles viaja sempre acompanhan­do o presidente dos EUA em visita a áreas de tensão.

Nesses destinos, é mantido em um terminal alternativ­o ao do imponente e menos agressivo Air Force One, o Boeing 747 usado pela comitiva da Casa Branca, ligado a geradores e com todos os recursos eletrônico­s funcionand­o. De acordo com um ex-engenheiro da Força Aérea americana, o grande jato é “fundamenta­lmente um posto de comunicaçõ­es com capacidade para atingir qualquer pessoa ou instituiçã­o em qualquer lugar do mundo”.

É um equipament­o caro. Cada um dos quatro aviões teve um custo inicial de US$ 250 milhões em valores de 1998. Em 2005, a Boeing recebeu um contrato de US$ 2 bilhões para desenvolve­r um amplo programa de cinco anos para modernizaç­ão da frota.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO
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ADRIANO MACHADO/REUTERS Máquina de combate. Do avião, Mattis pode acionar mísseis nucleares no caso de um ataque ao presidente e ao vice

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