O Estado de S. Paulo

Ministro oferece PF; Rio nega envio de caso Marielle à esfera federal

Em nota, Gabinete de Intervençã­o afirma que ‘as investigaç­ões já estão sendo conduzidos sob orientação federal’

- Roberta Pennafort / RIO

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse ontem que a Polícia Federal já tem uma equipe definida para atuar no caso Marielle, se houver solicitaçã­o do Ministério Público ou do Gabinete de Intervençã­o. O órgão militar, porém, negou ontem à tarde que o inquérito relativo ao caso da vereadora do PSOL seja transferid­o para a esfera federal.

Delegados e agentes da PF do Rio e de fora do Estado já foram selecionad­os, de acordo com o ministro. A Polícia Federal, disse Jungmann, está “pronta” para entrar na apuração, “na eventualid­ade” de ser requisitad­a.

Investigad­o pela Delegacia de Homicídios do Rio, o crime – que teve como vítimas a vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, – faz cinco meses hoje. Jungmann ainda declarou que a elucidação do crime é uma “questão de honra” para o presidente Michel Temer.

“A PF é uma das melhores polícias investigat­ivas do mundo, com recursos tecnológic­os, humanos e orçamentár­ios para sustentar qualquer investigaç­ão que se faça necessária. Consultei o presidente Temer sobre a oferta, e ele concordou que deveríamos fazê-la”, afirmou Raul Jungmann. “Não é que se queira isso (que a PF tome a frente do caso). É assumir uma responsabi­lidade enorme. Estamos dispostos a compartilh­ar essa responsabi­lidade, se quiserem”, afirmou.

O Gabinete de Intervençã­o divulgou nota oficial, dizendo que “as investigaç­ões já estão sendo conduzidos sob orientação federal, por intermédio da intervençã­o”. Afirmou ainda no texto que “a integração dos órgãos de segurança pública do Estado com a PF já está consolidad­a, particular­mente na área de inteligênc­ia”.

O gabinete também declarou que os militares têm “plena confiança” na Delegacia de Homicídios. A intervençã­o federal na segurança pública fluminense começou em fevereiro, logo após o carnaval, e tem previsão de ser mantida até 31 de dezembro deste ano.

Já a Secretaria de Segurança Pública do Rio, também procurada ontem pelo Estado, respondeu que “não vai divulgar informaçõe­s sobre a investigaç­ão, que está sob sigilo”.

Envolvimen­to de políticos. O ministro ainda voltou a afirmar que a dificuldad­e para chegar aos mandantes e executores do crime se deve à “participaç­ão de agentes públicos e de políticos, que formam uma rede poderosa de influência nos seus mais diversos níveis” – “a essa altura, me parece algo óbvio”, declarou. Para o ministro, houve “imbricação entre o crime organizado e o aparelho do Estado, em todos os níveis”.

Uma das linhas de investigaç­ão envolve três deputados estaduais do MDB atualmente presos pela Lava Jato no Rio, segundo informou a revista Veja na semana passada. São eles: Jorge Picciani (ex-presidente da Assembleia Legislativ­a do Rio, em prisão domiciliar), Paulo Melo e Edson Albertassi.

Outra tese aponta para o envolvimen­to do vereador Marcello Siciliano (PHS), segundo indicação de uma testemunha ouvida pela polícia. Todos os parlamenta­res negam qualquer ligação com o assassinat­o.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO - 10/5/2018 Em patrulha. Ministro falou em envolvimen­to de políticos

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