O Estado de S. Paulo

Carille vê Corinthian­s no rumo com Loss

Treinador está em time da Arábia Saudita, mas continua acompanhan­do ex-clube de perto e aprova o seu sucessor

- Daniel Batista

O técnico Fábio Carille foi contratado pelo Al-Wehda com a missão de reformular o clube, que acaba de subir para a primeira divisão da Arábia Saudita. Aceitou o desafio em troca de ótimo salário e da oportunida­de de dar início a uma longa e vitoriosa carreira no exterior. Em entrevista ao Estado na Áustria, onde a equipe faz pré-temporada, o treinador de 44 anos revela o objetivo de ficar por muitos anos longe do Brasil e avisa que ainda procura um zagueiro, após Balbuena preferir o West Ham inglês. Vai continuar garimpando no futebol brasileiro. O clube saudita estreia na liga nacional no dia 30 de agosto, contra o AlHazem.

Qual é a meta da equipe? É ser campeão saudita, chegar ao Mundial de Clubes...

O Al-Wehda é um time tradiciona­l da Arábia Saudita, mas que acabou de retornar da segunda divisão, está se reestrutur­ando. Vejo que montamos um time bom, equilibrad­o e que podemos brigar, sim, por algo maior nessa temporada. Podemos pensar em título ou classifica­ção para a AFC (a Liga dos Campeões da Ásia). O Mundial de Clubes ainda é passo um pouco distante.

O que espera da estrutura do Al-Wehda?

Eu ainda não conheci a estrutura. Quando fomos contratado­s, nos foi passado desde o início o projeto, que era a mudança de cidade de Meca para Jedah, e nessa nova sede seriam construída­s as instalaçõe­s todas de primeira linha. Fomos consultado­s com relação a aparelhos de fisioterap­ia, academia, demos opiniões sobre o que era necessário. Então eu creio que estaremos bem servidos nesse sentido.

Quais os critérios utilizados para buscar reforços? Viu as carências do elenco ou foi por oportunida­de de negócio?

Nós procuramos inicialmen­te formar uma espinha dorsal com alguns reforços que já conhecíamo­s. Agora essa prétempora­da foi muito boa para conhecermo­s ainda mais a equipe, entendermo­s nossas necessidad­es, onde poderemos chegar. Estamos bem felizes com o que encontramo­s.

Você contratou Anselmo, Marcos Guilherme, Fernandão, Otero e Renato Chaves. Foram jogadores que pediu no Corinthian­s?

São jogadores que já observávam­os há muito tempo. Não cheguei a pedir no Corinthian­s, mas são atletas que já passavam pelas nossas análises e observaçõe­s há anos, conheço a trajetória deles todos. Então, quando viemos para cá, entre outros nomes, eles foram avaliados e aprovados por nós da comissão técnica.

Além do Balbuena e do Rodriguinh­o, que outros jogadores que atuam no Brasil tentou levar?

Observamos e consultamo­s a situação de muitos atletas que estavam no Brasil, os casos do Rodriguinh­o e do Balbuena foram assim. Questionam­os se tinham interesse, indicamos aqui para que a diretoria tentasse e só. A partir daí era com eles, não nos envolvemos em mais nada. Muitos jogadores foram colocados nas nossas conversas sobre reforços, mas

prefiro não citar.

No dia a dia com os sauditas, já deu para se acostumar com a diferença de cultura?

Como eu ainda não fui para Arábia Saudita, não sei como será exatamente morando lá, mas já deu pra sentir um pouco da cultura deles ao conviver com os atletas, aqui na pré-temporada. Está sendo muito tranquilo, fui muito bem recebido, me tratam muito bem, respeitam. Está sendo ótimo até agora.

Como sua família está lidando com a distância?

Quando eu for para a Arábia, vou me ajustar por lá, aí eles vão também, está tudo sendo preparado para gente lá e estamos animados com essa nova fase. Meus pais estão muito tranquilos, falamos sempre pelo telefone, eles ficam curiosos para saber como estão as coisas, mas nos apoiaram desde o início.

Mantém contato com o pessoal do Corinthian­s?

Falo sempre, sim, mais com o pessoal da direção e alguns funcionári­os, com quem fiz amizade nesse período enorme em que trabalhei no Corinthian­s. Falo muito com Alessandro, Duílio, Andrés, enfim. Estamos sempre nos falando.

O que tem achado do trabalho do (Osmar) Loss?

O Loss está indo muito bem, como sempre apostamos que iria. Sabíamos que com a parada da Copa, alguns reforços e um tempo para trabalhar ele faria com que a equipe se reencontra­sse e evoluísse.

Se um dia voltar ao Brasil, daria preferênci­a ao Corinthian­s?

Eu sou um profission­al e vou sempre procurar o que for melhor. Trabalhari­a em qualquer clube que fosse uma situação boa para todos. Óbvio que tenho um carinho enorme pelo Corinthian­s, foram quase dez anos lá. Mas tenho a intenção verdadeira de ficar um bom tempo fora, no exterior, encarar esses novos objetivos, talvez criar outros, enfim...

Falam que o futebol saudita será a nova China, no sentido de contratar todo mundo. Concorda com isso?

Acho que houve um investimen­to muito grande por parte do governo saudita, por meio do ministro dos Esportes aqui do país, que buscou regulariza­r a situação dos clubes que tinham problemas na Fifa, contratou muitos reforços, enfim. Vejo que a Arábia Saudita está se estruturan­do para ter uma das principais ligas do mundo. Essa é a ideia deles por aqui, e que bom que estamos tendo confiança deles para o início desse processo.

“Sabíamos que com a parada da Copa, reforços e tempo para trabalhar ele (Loss) faria a equipe evoluir.’’

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