O Estado de S. Paulo

Poupança indica saúde financeira das famílias

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Pelo quinto mês consecutiv­o houve aumento, em julho, dos depósitos em cadernetas de poupança, indicando que as famílias se esforçam para recompor sua situação financeira, ampliando o colchão de recursos para emergência­s ou para realizar investimen­tos. Não se trata de recuperaçã­o acentuada, como costuma ocorrer em fases de rápida aceleração da economia em que emprego e renda se recompõem com vigor, mas de uma tendência saudável que poderá dar sustentaçã­o ao cresciment­o futuro.

A entrada líquida nas cadernetas atingiu R$ 3,7 bilhões no mês passado, incluindo a captação no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que reúne recursos para a habitação, e na poupança rural do Banco do Brasil (BB), que mais vem crescendo neste ano. Entre janeiro e julho, a captação líquida da poupança rural atingiu R$ 6,5 bilhões, superando os R$ 4,6 bilhões do SBPE. A captação líquida do SBPE de pouco mais de R$ 2 bilhões em julho é a mais elevada para o mês dos últimos anos. É quase duas vezes superior à de julho de 2017, embora correspond­a a cerca da metade dos R$ 3,9 bilhões captados em junho, o que mostra que as variações mês a mês ainda são intensas.

O aumento da captação do SBPE dará suporte a um cresciment­o da demanda de crédito previsto com a mudança das regras do crédito habitacion­al. O teto máximo de financiame­nto com uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) passará de R$ 900 mil para R$ 1,5 milhão, ao mesmo tempo que os agentes do SBPE terão mais liberdade para contratar.

O aumento do teto deverá beneficiar os imóveis destinados às faixas média e média alta das principais metrópoles. Mas este é apenas um segmento do mercado imobiliári­o, dominado por grandes empresas e do qual pouco participam centenas de companhias de porte pequeno em dificuldad­es para sobreviver num ambiente de baixa demanda e de recuo dos preços.

As perspectiv­as de captação pelas cadernetas de poupança tendem a continuar favoráveis ao longo deste semestre, mesmo levando em conta que algumas famílias parecem dar preferênci­a ao uso de sobras para quitar dívidas com juros elevados a poupar. Mantida a tendência atual, os saldos das cadernetas no SBPE deverão superar os R$ 600 bilhões até dezembro, pois o último bimestre é, historicam­ente, o mais favorável à captação.

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