Ação da Bayer cai 10% após sentença contra a Monsanto
Alemã comprou gigante americana; júri dos EUA decidiu que produtos da Monsanto representam perigo à saúde
As ações da Bayer caíram mais de 10% ontem, após um tribunal na Califórnia, nos EUA, ter condenado a Monsanto a pagar indenização de US$ 289,2 milhões na semana passada. Depois de fechar a aquisição da Monsanto, em um negócio de US$ 63 bilhões, a Bayer aguarda agora apenas a definição sobre vendas de alguns ativos para incorporar totalmente a americana à sua estrutura.
No fim do pregão, os papéis da Bayer caíram 10,31%, fechando negociados a ¤ 83,73. A perda de valor de mercado ficou próxima de ¤ 10 bilhões. Ao longo do dia, os papéis da alemã chegaram a cair mais de 14%.
Um júri no Tribunal Superior de São Francisco decidiu, por unanimidade, que os herbicidas Ranger Pro e Roundup, comercializados pela Monsanto, representam “perigo substancial” aos consumidores, e que a companhia sabia dos possíveis riscos envolvidos para os profissionais que manipulam os produtos. Um dos nomes incluídos na ação é o do jardineiro DeWayne Lee Johnson, que foi diagnosticado com um linfoma nãoHodgkin. Existem cerca de 5 mil processos semelhantes correndo atualmente.
A decisão deve criar uma dor de cabeça para a Bayer, disseram os analistas do banco Barclays, lembrando das milhares de processos pendentes contra a Monsanto que alegam que o glifosato, um componente essencial do herbicida, provocou câncer em jardineiros e agricultores. Segundo o banco, com a sentença, essas ações devem se multiplicar, virando uma “dor de cabeça” para a Bayer.
A Monsanto disse que vai recorrer. O vice-presidente da companhia, Scott Partridge, afirmou que vários estudos científicos e autoridades de saúde nos EUA e em outros países não encontraram relação entre glifosato e câncer.
Tamanho da conta. De acordo com Alistair Campbell, analista da Berenberg, a solução d o problema relacionado aos herbicidas da Monsanto pode custar à Bayer cerca de US$ 5 bilhões, citando uma estimativa aproximada baseada em acordos passados sobre o analgésico Vioxx, do laboratório alemão Merck, que custou US$ 4,9 bilhões, e do medicamento para colesterol
Baycol, da própria Bayer, que consumiu US$ 4,2 bilhões.
A controvérsia também pode afetar as receitas futuras da companhia. Culturas geneticamente modificadas que resistem ao glifosato são a principal fonte de receitas para a Monsanto, principalmente nas Américas do Norte e do Sul, onde a tecnologia é amplamente aceita. As preocupações com a saúde podem obscurecer ainda mais as perspectivas para a categoria de produtos.