O Estado de S. Paulo

IRLANDA DO NORTE “What is dead may never die” (O que está morto não pode morrer), é opcional – mas, mesmo assim, todo mundo grita. Se você duvida, pesquise no Instagram por Ballintoy Point, o nome verdadeiro do cenário, e vejas milhares de vídeos e fotos

Belfast: o norte se lembra, e você também se lembrará

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Uma cidade gelada e marcada por uma forte história de segregação política, dividindo norte e sul por um muro. Poderia ser a fictícia Winterfell – e, de certa forma, até é – mas, na vida real, chama-se Belfast, capital da Irlanda do Norte, onde vivem cerca de 300 mil habitantes.

Não há dúvidas de que a cidade teve a rotina afetada graças ao sucesso de Game of Thrones. Não bastasse ser ali a cidade do Titanic – e vale muito a pena visitar o museu com a história do navio (titanicbel­fast.com; £ 18,50 ou R$ 90) –, nos últimos anos o local vem recebendo mais e mais curiosos por qualquer fofoca sobre onde estão os atores e, o mais importante: o que estão filmando por ali.

Não é exagero: em uma rápida conversa com qualquer guia turístico você fica sabendo das dificuldad­es que o município teve com fãs aguerridos da série. Alguns se muniram de drones para tentar captar ao menos uma imagem do principal estúdio de gravação da série, que fica logo ao lado do museu do Titanic. Quer saber ainda mais sobre GoT? Muito fácil: converse com alguém na cafeteria, em qualquer restaurant­e, nos táxis. Todo mundo tem alguma história para contar sobre o elenco ou sobre suas próprias experiênci­as como atores coadjuvant­es na série.

Belfast já era bastante atraente aos turistas antes do sucesso da série por sua beleza e pela riqueza de sua história, marcada por conflitos entre católicos e protestant­es. As paredes grafitadas do muro, que ainda divide a cidade em duas, contam parte deste enredo real.

Mas para conhecer os cenários da série da HBO é preciso ir além. Os pontos mais conhecidos ficam a cerca de 1 hora do centro de Belfast, de carro. Como ficam em lugares não tão próximos uns dos outros, é altamente recomendáv­el que você contrate uma empresa para guiá-lo – do contrário, dá para se perder ou não visitar todos os pontos com a mesma facilidade. Nós fomos com a Game of Thrones Tours (bit.ly/got-irlanda), que também faz trajetos a partir de Dublin (capital da outra Irlanda). Sai por £ 50 (R$ 242) por pessoa.

Há dois passeios principais disponívei­s. O mais longo passa por diversos pequenos cenários, como as Ilhas de Ferro (incluindo a ponte de uma famosa cena de assassinat­o na casa Greyjoy) e a caverna de Melisandre. E também um tour no local de filmagem de Winterfell (mais informaçõe­s na página 5), que oferece até a possibilid­ade de conhecer os cães que deram vida aos lobos gigantes na TV. Cada roteiro leva um dia inteiro. Prepare-se: há muitas caminhadas, e nem todas de fácil acesso, especialme­nte em dias de chuva – algo muito comum por ali.

A caverna de Melisandre

A aventura começa cedo, por volta das 8h da manhã, quando o ônibus busca o pequeno grupo de turistas em um ponto no centro de Belfast. Também é possível agendar tours privados, desde que seu cartão de crédito comporte: o preço pode superar £ 300 (R$ 1.450).

A primeira parada é uma cafeteria que, à primeira vista, não tem nada de incomum. Até que uma placa, logo na frente do estabeleci­mento, indica que ali em Carnlough Harbour foi o local de filmagem de uma das cenas mais tensas de Arya Stark (interpreta­da por Maisie Williams) em busca de se tornar Ninguém. É curioso que o local tenha sido usado exclusivam­ente para uma cena que não durou mais do que cinco segundos – mas da qual todos irão se lembrar.

Essas placas indicativa­s estarão por todo o roteiro. E para quem achar o lugar muito diferente do que se lembra na cena, os guias vêm preparados: constantem­ente, sacam celulares ou tablets para apresentar vídeos filmados no lugar que está sendo visitado naquele momento.

O segundo passo é uma visita às cavernas Cushendun, de frente para o mar. A placa, no entanto, indica se tratar de Melisandre’s Cave. Para quem não assistiu nada da série, trata-se apenas de uma caverna, sem muito para explorar. Mas o lugar ganha um significad­o especial para fãs: foi ali que a feiticeira de cabelos vermelhos (Carice van Houten) levou Davos (Liam Cunningham) para consumar um ato que marcaria toda a segunda temporada. No sinal de qualquer chuva, o lugar fica cheio de barro. Mas vale a pena explorar até o fim e fazer muitas fotos lá dentro. Diferentem­ente de outros cenários que visitamos, este é bastante parecido com o que aparece na série, sem muitas mudanças com efeitos visuais.

Outro parada é o campo em que a personagem Brienne de Tarth (Gwendoline Christie) derrota Sir Loras Tyrell (Finn Jones) e, então, pede para se tornar integrante da Guarda Real de Renly Baratheon (Gethin Anthony). É necessário exercitar um pouco a imaginação aqui, já que não há barracas, acampament­o ou milhares de soldados para simular um torneio, como na cena. Mas detalhes nas paredes e na posição dos muros entregam que foi ali mesmo que tudo aconteceu.

Na terra dos Greyjoy

Os lugares mais adorados pelos turistas neste passeio são aqueles ligados aos rabugentos das Ilhas de Ferro, os Greyjoy. Se você tiver contratado um grupo de guias, eles te darão um uniforme para vestir e ficar igual a um soldado seguidor do Deus Afogado. Gritar o lema da casa,

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