O Estado de S. Paulo

PT registra Lula e MPE pede impugnação da candidatur­a

Caso será analisado no TSE pelo ministro do Supremo Luís Roberto Barroso; partido já contesta o relator

- BRASÍLIA / RAFAEL MORAES MOURA, RICARDO GALHARDO, MARIANA HAUBERT e AMANDA PUPO

No último dia do prazo, o PT registrou a candidatur­a do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto, mas, antes mesmo de o edital ser publicado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério Público Eleitoral, representa­do pela procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, entrou com um pedido de impugnação da candidatur­a do petista, o que deve acelerar a decisão sobre o caso. Lula está preso em Curitiba, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, e,

portanto, é afetado pela Lei da Ficha Limpa. No entanto, ao fazer o registro ontem, o PT apresentou quatro certidões criminais da Justiça em São Paulo, nas quais não constam condenaçõe­s, e justificou que o Estado é o domicílio eleitoral do candidato. A condenação de Lula é de jurisdição federal e foi confirmada pelo TRF de Porto Alegre. O caso será relatado pelo ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE. O PT contesta o nome de Barroso. Fernando Haddad foi apresentad­o como vice na chapa. No total, 13 presidenci­áveis apresentar­am candidatur­a.

O PT registrou ontem, no último dia do prazo, a candidatur­a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto sem informar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex, imposta pela Justiça Federal no Paraná e confirmada no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Antes mesmo de o edital com o nome dos candidatos ser publicado pelo TSE, a procurador­a-geral eleitoral, Raquel Dodge, entrou com impugnação da candidatur­a do petista. Ela pede a rejeição liminar do requerimen­to, o que pode acelerar a decisão sobre o caso.

Sorteado relator, o ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE, vai analisar o pedido. A inscrição da candidatur­a é a última formalizaç­ão na Justiça Eleitoral antes do início da campanha, que começa hoje.

Ao fazer o registro, o candidato tem de apresentar documento da Justiça de seu domicílio eleitoral certifican­do que ele não tem pendências criminais. Como Lula tem domicílio eleitoral em São Paulo, as quatro certidões criminais apresentad­as ao TSE não incluem a condenação em Curitiba, depois confirmada pelo TRF-4 em Porto Alegre, ambas no âmbito da Justiça Federal.

Com a sentença na Lava Jato, Lula, preso desde 7 de abril, está potencialm­ente enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que torna inelegívei­s condenados por órgão colegiado. Para Raquel, Lula não é elegível, o que “impede que ele seja tratado juridicame­nte como candidato e que a candidatur­a seja considerad­a sub judice ou a pretender o financiame­nto de sua candidatur­a com recursos públicos”.

Vice. O ex-prefeito Fernando Haddad foi registrado como vice e pode assumir a cabeça da chapa se Lula for impugnado. No registro, o petista declarou patrimônio de R$ 7,9 milhões (mais informaçõe­s na pág. A6).A Corte recebeu o registro de 13 presidenci­áveis e tem até 17 de setembro para analisá-los.

A insistênci­a do PT em lançar Lula faz com que a disputa comece judicializ­ada. Barroso sinalizou que pretende dar celeridade à análise do registro, frustrando expectativ­a de petistas que esperavam manter o nome de Lula como candidato pelo menos até o início do horário eleitoral na TV, em 31 de agosto.

Ontem mesmo o PT contestou no TSE a escolha de Barroso para a relatoria do caso. Para dirigentes, o ministro é “linha-dura” e a escolha é “péssima”. Em nota divulgada à noite, porém, advogados de Lula disseram não ter “objeção” ao ministro.

Mais cedo, os candidatos a deputado Kim Kataguiri (DEMSP), do Movimento Brasil Livre (MBL), e Alexandre Frota (PSLSP) também entraram com ação no TSE para barrar a candidatur­a do ex-presidente. A presidente do TSE, Rosa Weber, e o ministro Admar Gonzaga já disseram que, em tese, o relator pode rejeitar “de ofício” (sem que haja questionam­ento) o registro de um candidato, indicando celeridade na análise dos pedidos.

“A compreensã­o do TSE vai ser diferente porque é o Código Eleitoral que será usado.” Fernando Haddad

CANDIDATO A VICE NA CHAPA PETISTA

Campanha. A partir de hoje, o PT deve enviar todos os pedidos de entrevista­s, gravações e participaç­ões em debates para o TSE, e não mais para a Vara de Execuções de Curitiba, onde Lula está preso, que negou todas as demandas do partido.

Haddad, após protocolar o registro, participou de ato, em frente ao TSE, em que leu uma carta de Lula. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, cerca de 10 mil pessoas participam da mobilizaçã­o pró-Lula.

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NELSON JR./ASCOM/TSE Documento. Gleisi Hoffmann, Fernando Haddad e Manuela d’Ávila mostram o registro da candidatur­a da chapa petista

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