O Estado de S. Paulo

Lava Jato reage a tática petista

Procurador­es pedem que Gleisi não atue no caso; Moro adia depoimento de Lula

- Ricardo Brandt Julia Affonso Fausto Macedo COLABORARA­M RICARDO GALHARDO e MARIANA HAUBERT

Procurador­es da Lava Jato pediram ontem à Justiça que a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, seja impedida de atuar como advogada de Lula no processo da execução da pena de prisão em Curitiba.

A Operação Lava Jato reagiu à participaç­ão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo eleitoral a partir de Curitiba, onde cumpre prisão pela condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. Lula foi registrado ontem como candidato do PT à Presidênci­a, tendo Fernando Haddad como candidato a vice.

Os procurador­es da força-tarefa da Lava Jato na capital paranaense pediram à Justiça que a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, seja impedida de atuar como advogada de Lula no processo da execução da pena de 12 anos e 1 mês de prisão. Além de Gleisi, a força-tarefa cita Haddad e outros petistas que viraram advogados de Lula no processo da execução penal: Wadih Damous, Luiz Carlos Sigmaringa Seixas e Emidio de Souza.

Já o juiz federal Sérgio Moro decidiu mudar a data do interrogat­ório do ex-presidente Lula e de outros 12 réus na ação do sítio de Atibaia. O magistrado da Lava Jato afirmou que a alteração das audiências tem por objetivo “evitar a exploração eleitoral dos interrogat­órios”.

As audiências estavam marcadas para datas entre 27 de agosto e 11 de setembro. Os interrogat­órios agora devem ocorrer entre 5 e 14 de novembro. Em seu despacho, Moro não cita o expresiden­te nominalmen­te, mas se refere ao petista. “Um dos acusados foi condenado por corrupção e lavagem na ação penal (...) e encontra-se preso por ordem do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, tendo a medida sido mantida pelos Tribunais Superiores”, escreveu.

Para os procurador­es da força-tarefa da Lava Jato, os petistas transforma­ram a cela na PF em comitê de campanha eleitoral. “As visitas não tem por objetivo a defesa judicial do apenado, senão a de possibilit­ar por parte de Luiz Inácio Lula da Silva, a condução e a intervençã­o no processo eleitoral de quem materialme­nte está inelegível, transforma­ndo o local onde cumpre pena – a sede da Polícia Federal –, em seu comitê de campanha”, afirma o documento encaminhad­o à juíza Carolina Lebbos Moura.

Gleisi criticou o pedido do MP e afirmou em perfil no Twitter que o órgão quer “transforma­r Um ato a favor da candidatur­a de Lula chegou a bloquear a Esplanada dos Ministério­s, em Brasília. A manifestaç­ão foi organizada pelo Movimento dos Trabalhado­res

a Vara de Execuções em um antro de exceção”. “Jamais se viu limitar a visita de advogado ao réu. Nem na ditadura”, escreveu a senadora.

Candidato a vice, Haddad criticou a decisão de Moro de Sem Terra (MST). O número de apoiadores, que ficaram acampados em área próxima ao Estádio Mané Garrincha, chegou a 4 mil, segundo a Polícia Militar.

adiar o depoimento do ex-presidente. “É curioso que na oportunida­de que Lula tem de se defender, é cassado o direito dele de falar antes das eleições? Por que ele não adiou os depoimento­s das testemunha­s de acusação também, que nada acrescenta­ram?”, questionou Haddad.

Para a Gleisi, a intenção de Moro é retirar Lula da exposição pública. “Se não fosse época de eleição, ele faria isso como já fez tantas vezes. É apenas perseguiçã­o.” /

Ato a favor de petista ocupa a Esplanada

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO

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