O Estado de S. Paulo

Um fato que não correspond­e aos fatos

- Marcelo de Moraes

Já se passaram mais de quatro meses da prisão de Lula, mas o comando do PT, teleguiado pelo ex-presidente, tenta criar uma realidade paralela, onde Lula pode ser candidato ao Planalto, apesar de seu caso claramente se enquadrar na Lei da Ficha Limpa. Ou seja, está inelegível. Mais grave ainda é omitir no registro da candidatur­a aquilo que todo o mundo já sabe: Lula foi condenado e está preso. Não é preciso ser gênio para ver que o PT segue roteiro elaborado para tentar estabelece­r, até quando der, a dúvida na cabeça dos eleitores e levar adiante a tese da perseguiçã­o política. Querem transforma­r em fato algo que não correspond­e aos fatos. O fato que existe é que Lula está preso, depois de ser condenado em segunda instância.

O ato político ontem, em Brasília, foi apenas mais um lance no oba-oba que o PT vem mantendo para preservar a força política de Lula. Como estratégia tem servido para mobilizar o partido. O problema é que poderá custar o preço de inviabiliz­ar a candidatur­a de um substituto. Afinal, haverá tempo suficiente para tornar Fernando Haddad conhecido dos eleitores e captar a transferên­cia de quem votaria em Lula?

Dirigentes petistas transforma­ram uma formalidad­e eleitoral – o registro de uma candidatur­a que deverá ser barrada – numa cortina de fumaça política. É o mesmo script que vêm cumprindo desde que perceberam que Lula não conseguiri­a escapar da condenação na Lava Jato.

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