Crise turca volta a elevar dólar e a derrubar Bolsa
Moeda americana vai a R$ 3,89 e Ibovespa tem queda de quase 2%; lira turca se sustenta com ação do BC, mas disputa com EUA prossegue
A crise na Turquia voltou a assustar os mercados globais ontem. O dólar se valorizou principalmente frente a moedas emergentes, incluindo o real, que terminou em alta de 0,93%, a R$ 3,89, no mercado à vista. A lira turca, porém, teve o segundo dia de recuperação, ao subir 6,88% ante o dólar, impulsionada pela decisão do banco central da Turquia de apertar ainda mais o limite da divisa turca que pode ser trocado por moedas estrangeiras.
A moeda também ganhou sustentação com a notícia de que o Catar se comprometeu a investir US$ 15 bilhões em solo turco. Além dos problemas econômicos, o governo de Recep Erdogan enfrenta uma queda de braço com os EUA, que tem como pano de fundo a manutenção de um pastor americano em prisão domiciliar no país.
Em retaliação à decisão do governo Trump de dobrar tarifas à importação de aço e alumínio turcos, no fim da semana passada, Ancara anunciou ontem a elevação de tarifas sobre uma série de produtos importados dos EUA. Os produtos atingidos pelas novas tarifas alfandegárias turcas são os automóveis, cuja importação será taxada em 120%, algumas bebidas alcoólicas, com taxas de 140%, o tabaco, em 60%, produtos cosméticos e o arroz. Na prática, os impostos majorados sobre as importações americanas dobrarão – em uma clara resposta à iniciativa tomada pelos EUA.
Bolsas. A forte aversão ao risco derrubou as Bolsas globais. O Ibovespa encerrou o pregão em baixa de 1,94%, aos 77.077 pontos. Também houve perdas em solo americano, onde o índice Dow Jones caiu para 25.162 pontos (-0,54%), o S&P 500 recuou para 2.818 pontos (0,76%), no menor nível desde 27 de junho, e o Nasdaq chegou a 7.774 pontos (-1,23%). Em Londres o índice FTSE 100 caiu 1,49%. Em Frankfurt, o DAX perdeu 1,58%, enquanto em Paris o CAC 40 recuou
1,82%./ ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE EM PARIS; VICTOR REZENDE, PAULA DIAS e SIMONE CAVALCANTI