Com novas DOs, Chile se rende ao terroir
A burocracia chilena finalmente se rendeu ao conceito de terroir. O país ganhou quatro novas denominações de origem – Apalta, Los Lingues, Lo Abarca e Licantén. A grande novidade é que, pela primeira vez, as DOs foram delimitadas com base em características geográficas e não apenas em fronteiras como era o costume ali.
Os chilenos comemoraram. “Ao basear-se nas novas denominações, será possível aprofundar-se em sabores e regiões com mais precisão”, afirma o sommelier chileno Hector Riquelme.
Até 1994, o Chile não trazia sequer o nome da região produtora nos rótulos. Naquele ano, o país passou a ter as regiões produtoras divididas entre norte e sul e os rótulos incluíram o nome da cidade de origem. Em 2013, os vales foram divididos longitudinalmente em três setores: Andes, mais ao leste; Entre Cordilheiras, bem no meio do país; e Costa, ao longo do litoral, a oeste.
Para o consumidor, as novas DOs podem indicar qualidade mas correm o risco de desaparecer em meio a um mar de denominações que seguem as delimitações das províncias e são mais de 70. “O consumidor pode demorar um pouco para absorver as mudanças, mas acreditamos que no médio prazo será um grande passo para entender melhor o vinho”, diz o presidente da Wines of Chile, Mario Pablo Silva, da Casa Silva.
As novas DOs devem acelerar o plano estratégico 2025: vender massivamente vinhos na faixa de R$ 120 a R$ 150. O país, que sempre foi conhecido como alternativa barata, quer agora divulgar sua diversidade e projetos mais inovadores.