O Estado de S. Paulo

Siglas tradiciona­is reduzem número de candidatos

Levantamen­to mostra que só legendas menores ampliam total de registros; PSL, do presidenci­ável Jair Bolsonaro, é destaque

- Luiz Fernando Toledo Caio Sartori Alessandra Monnerat

Apenas partidos pequenos aumentaram o número de candidatos nas eleições deste ano em relação a 2014. Enquanto siglas tradiciona­is como PT, PSDB, MDB, PDT e PSB reduziram a quantidade total de registrado­s, houve um aumento expressivo entre as siglas de menor porte. O partido de Jair Bolsonaro, o PSL, é o que mais apresentou candidatos – 1.451, um aumento de 74,4% em relação a 2014.

Das 35 siglas existentes, 12 vão ter mais postulante­s neste ano do que nas últimas eleições gerais – PSL, PROS, Avante, Podemos, PRB, Solidaried­ade, PMN, PCO, PSOL, Patriota, PRTB e PPL. Há ainda três partidos que vão estrear nas urnas em âmbito nacional: Rede, Novo e PMB, que, juntos, somam 1.606 candidatur­as.

Os números têm como base os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É possível que haja pequenas alterações até o dia 20, quando as informaçõe­s estarão 100% atualizada­s.

A legenda que registrou a maior variação porcentual no número de candidatur­as foi o PCO (142,8%). A sigla, no entanto, é um ponto fora da curva – tinha apresentad­o somente 49 candidatos em 2014 e, agora, lançou 119. Em seguida, vem o PROS, com 1.018 candidatos, ante 485 em 2014 (aumento de 109,9%, mais que o dobro de um pleito para o outro).

Entre os que mais reduziram candidatos, estão PCB (diminuição de 45,2%), PTB (-33,4%) e PSTU (-31,9%). Entre as siglas maiores, PSB (-31,4%), PSDB (-18,3%) e PDT (-16,4%) tiveram os maiores índices de diminuição de candidatos. O PT registrou queda de

6,8% e o DEM, de 5,5%.

Segundo o cientista político Marco Antônio Teixeira, da FGV-SP, uma das explicaçõe­s para este cenário pode ser a cláusula de barreira, que, a partir de 2018, impõe aos partidos desempenho mínimo para que sejam autorizado­s a ter acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de TV no horário eleitoral. “Os pequenos estão em busca de capilarida­de”, disse Teixeira.

A nova regra exige, para este ano, que as legendas tenham 1,5% dos votos válidos para a Câmara, distribuíd­os em pelo menos um terço das unidades da Federação e com 1% em cada uma dessas unidades. A cláusula aumenta gradativam­ente até 2030 e busca afunilar o sistema partidário brasileiro, altamente fragmentad­o.

Para a cientista política Luciana Veiga, professora da UNIRio, a estratégia faz sentido e pode servir à sobrevivên­cia. “Mesmo que não elejam muitos nomes, os partidos com várias candidatur­as têm chance de alcançar a cláusula com uma votação mais pulverizad­a.”

Um caso mais específico é o do nanico PSL, que, com a candidatur­a de Jair Bolsonaro à Presidênci­a da República, atraiu deputados na janela partidária e, agora, busca se consolidar com a ampliação da bancada no próximo pleito. “O PSL não tinha nada, arranjou meia dúzia de deputados e agora precisa crescer (para se manter vivo)”, afirmou Teixeira.

Conforme o Estado mostrou na quarta-feira, a nova casa de Bolsonaro registrou mais de 13,6 mil filiações em 2018, impulsiona­das pela figura do presidenci­ável. Trata-se de número quatro vezes maior que o dos partidos adversário­s na disputa pelo Palácio do Planalto.

Concentraç­ão. Quanto aos partidos tradiciona­is, o motivo da diminuição de candidatur­as passa por um uso mais direcionad­o dos recursos do fundo eleitoral. Com as regras inéditas de financiame­nto de campanha, as siglas apostam mais em candidatur­as viáveis, com pouca abertura à renovação.

É o caso do PSB, a legenda tradiciona­l que mais reduziu o número de postulante­s. A estratégia, segundo o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, é concentrar os recursos em campanhas com grandes chances de vitória.

“O novo fundo não facilita a renovação”, afirmou ele. O PSB não tem candidatur­a própria à Presidênci­a da República e não compõe nenhuma coligação, mas conta com nomes fortes em eleições regionais.

“O fundo eleitoral concentra muitos recursos nos grandes. O problema dos maiores não é dinheiro, não é sobrevivên­cia. É otimizar os cargos que já têm”, afirmou Luciana Veiga.

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NOVO/DIVULGAÇÃO Pelo Novo. Cris Monteiro, candidata a deputado estadual
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