O Estado de S. Paulo

‘Vaquinha’ rende R$ 1,3 mi a presidenci­áveis

Somado, o financiame­nto coletivo obtido por candidatos só alcança 0,14% do que as campanhas podem gastar

- Ana Carolina Neira Tulio Kruse

Novidade da corrida eleitoral de 2018, os financiame­ntos coletivos chamados “vaquinhas virtuais” arrecadara­m menos de 1% do valor máximo que as campanhas presidenci­ais terão direito no primeiro turno da corrida eleitoral. Somados, os 13 candidatos à Presidênci­a conseguira­m R$ 1,3 milhão em doações na internet – ou 0,14% do que as campanhas podem gastar. O prazo para as doações terminou na última quarta-feira.

A maior parte do arrecadado entre os candidatos a presidente ficou concentrad­a em poucos nomes. Mesmo condenado e preso na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi quem conseguiu o maior valor em doações, com cerca de R$ 602 mil, segundo o site oficial de sua campanha. O candidato do Novo, João Amoêdo, teve o segundo melhor desempenho ao angariar R$ 356 mil. Marina Silva, da Rede, arrecadou R$ 216 mil. Juntos, os três conseguira­m mais de 90% do total doado para candidatos a presidente.

Quem divulgou metas de arrecadaçã­o nos sites oficiais de campanha teve desempenho abaixo do esperado. A página oficial do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, por exemplo, informava

que apenas 11% da meta de R$ 50 mil foi alcançada até a noite de ontem. Marina Silva conseguiu 72% do seu objetivo de R$ 300 mil.

Como o valor máximo para cada candidatur­a à Presidênci­a é de R$ 70 milhões, o total gasto seria de R$ 910 milhões caso todos alcançasse­m o teto. Ao todo, as campanhas eleitorais devem receber R$ 888,7 milhões do Fundo Partidário e outros R$ 1,7 bilhão do fundo público eleitoral, aprovado pelo Congresso no ano passado.

O valor total é de R$ 2,6 bilhões. Além das campanhas para presidente, esse montante servirá também para bancar candidatur­as de deputados federais e senadores, por exemplo. Os valores são divididos de forma proporcion­al, de acordo com o número de cadeiras do partido na Câmara dos Deputado.

Segundo analistas, a disseminaç­ão da ideia de doação entre os brasileiro­s ainda levará tempo. Para o diretor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universida­de Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Murilo Gaspardo, o financiame­nto coletivo ainda depende de engajament­o dos eleitores para ser uma fonte de recursos relevante para as campanhas.

“Vejo como uma ideia excelente pois não deixa financiame­nto concentrad­o e independen­te do fundo público, mas isso envolve amadurecim­ento da população e revitaliza­ção do próprio sistema representa­tivo”, diz Gaspardo. “As pessoas estão descrentes.”

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