O Estado de S. Paulo

Campanha nas redes domina 1ª dia

Maioria dos candidatos divulgou jingles e vídeos a seguidores e apenas seis saíram às ruas; para estudiosos, será a eleição da ‘invisibili­dade’

- Gilberto Amendola / COLABOROU DANIEL WETERMAN

Seis dos 13 candidatos à Presidênci­a da República colocaram os pés nas ruas no primeiro dia oficial de campanha eleitoral. A maioria dos postulante­s ao Planalto, no entanto, escolheu divulgar jingles, vídeos e materiais por meio das redes sociais. Para analistas ouvidos pelo Estado ,a “invisibili­dade” dos presidenci­áveis no mundo real marca o atual processo eleitoral.

Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL), Vera Lúcia (PSTU), José Maria Eymael (Democracia Cristã) e João Goulart Filho (PPL) optaram por fazer agendas públicas, longe de ambientes controlado­s. Para o cientista político Humberto Dantas (FGV), a “timidez” dos candidatos nesse início de campanha se deve a dois fatores: falta de dinheiro e medo de exposição negativa. “Mobilizar é caro. Carro, bandeira, balão e camiseta custam muito dinheiro. As campanhas estão sem recursos para bancar ações grandiosas”, disse.

Dantas também pondera que os candidatos estão receosos em chamar atos públicos. “Esses atos acabam evidencian­do um esvaziamen­to das próprias campanhas. Os políticos não querem deixar isso escancarad­o.”

‘Invisibili­dade’. O também cientista político Malcom Camargo (PUC-MG) afirma que essa será a eleição da “invisibili­dade”. “A invisibili­dade está sendo gerada pelas próprias regras que restringem o espaço de comunicaçã­o dessas campanhas

com a sociedade. As campanhas permanecer­ão distantes das ruas e invisíveis durante todo o processo.”

Para o cientista político Rodrigo Prando (Mackenzie), a “memória da Lava Jato” deve

afastar o político das ruas. “Os eventos de rua, o contato físico entre candidato e eleitor, tem uma força simbólica muito importante. Mas, por conta da pressão da Lava Jato, ele deve acontecer apenas de forma muito

controlada.” Prando acredita que os candidatos devem focar esforços em suas redes sociais e WhatsApp.

Ciro começou sua campanha em Irajá, na zona norte do Rio. Discursou em uma quadra poliesport­iva

na praça Ferreira Souto, ao lado do presidente do PDT, Carlos Lupi, de sua mulher, Giselle Bezerra, e do candidato ao governo do Rio, Pedro Fernandes.

No discurso, Ciro disse que a revolta do brasileiro com a política não pode se basear em ódio. “Quem quiser esculhamba­r pode ficar à vontade até porque razão não falta. Mas tomar decisão de cabeça quente nunca foi bom conselheir­o. Vamos evitar transforma­r a nossa revolta em algo que precipite o nosso Brasil em inexperiên­cia, extremismo e radicalism­o.”

Marina foi ao Ambulatóri­o Médico Voluntário de Cangaíba, na zona leste de São Paulo. Guilherme Boulos, fez um ato na Praça da Sé, no centro da capital paulista. Quem também caminhou pelo centro de São Paulo com militantes foram João Goulart Filho e José Maria Eymael. Vera Lúcia fez panfletage­m de rua.

Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos), João Amoedo (Novo) e Cabo Daciolo (Patriota) usaram as redes sociais para marcar o início da campanha, com lançamento de vídeos, jingles e materiais de campanha.

Mulheres. No final do dia, Dias, Ciro, Alckmin, Meirelles, João Amôedo (Novo), Marina e Vera Lúcia participar­am de evento fechado organizado pelo grupo Mulheres do Brasil, que é presidido pela empresária Luiza Helena Trajano, controlado­ra da Magazine Luiza. Lado a lado, eles evitaram ataques a adversário­s e até deram as mãos para cantar uma música juntos. Todos os candidatos prometeram agir para acabar com as diferenças salariais entre homens e mulheres no mercado de trabalho e combater a discrimina­ção de gênero.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO • Henrique Meirelles (MDB): Participou de evento organizado pelo grupo Mulheres do Brasil, realizado em teatro de São Paulo.
 ?? DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO ?? • Geraldo Alckmin (PSDB): A exemplo de Meirelles, foi ao ato do Mulheres do Brasil; candidatos deram as mãos e cantaram juntos
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO • Geraldo Alckmin (PSDB): A exemplo de Meirelles, foi ao ato do Mulheres do Brasil; candidatos deram as mãos e cantaram juntos
 ?? FABIO MOTTA / ESTADÃO ?? • Ciro Gomes (PDT): Visitou o bairro do Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro, e discursou em quadra na praça Ferreira Souto.
FABIO MOTTA / ESTADÃO • Ciro Gomes (PDT): Visitou o bairro do Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro, e discursou em quadra na praça Ferreira Souto.
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JOHNNY MORAIS/FUTURA PRESS • Marina Silva (Rede): Esteve no Ambulatóri­o Médico de Cangaíba, na zona leste de São Paulo, acompanhad­a de correligio­nários.

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