Candidatos em busca da polarização
Em que pesem as tolas manifestações das claques presentes, o primeiro debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, promovido pela TV Bandeirantes, teve o mérito de dar algum relevo a questões fundamentais. Com mais profundidade do que no encontro dos postulantes à Presidência, discutiram-se segurança, saúde e educação. Comparativamente, foi positivo.
No entanto, a discussão não ficou nisso. Saltou aos olhos a estratégia de cada candidato – ou sua falta. João Doria (PSDB), por seu perfil e ímpeto o mais polêmico deles, ocupou o centro. Não apenas porque as pesquisas o colocam na dianteira, tecnicamente empatado com Paulo Skaf (MDB), mas porque se lança à campanha agarrando-se à sua fórmula de sucesso: a expressão do antipetismo.
Ao polarizar com um partido igualmente controverso, num Estado que tradicionalmente lhe expressa aversão, Doria tenta aglutinar um considerável contingente eleitoral, conservador, avesso à política em geral e, em particular, aos valores e às práticas de uma esquerda em baixa. Trata-se de um eleitor que, estimulado, pode levá-lo ao 2.º turno.
Igualmente, Luiz Marinho, do PT, escolheu Doria como antagonista. Tudo o que o ex-prefeito não desperta é indiferença; logo, desgastá-lo também atrai atenções e simpatia de uma parte do eleitorado que hoje o rejeita. Pelo menos neste debate, nem Márcio França (PSB) nem Skaf conseguiram assumir protagonismo. O relógio girará rápido: com urgência, eles precisarão decidir quem, afinal, convidarão para dançar.