O Estado de S. Paulo

Candidatos em busca da polarizaçã­o

- Carlos Melo CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER

Em que pesem as tolas manifestaç­ões das claques presentes, o primeiro debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, promovido pela TV Bandeirant­es, teve o mérito de dar algum relevo a questões fundamenta­is. Com mais profundida­de do que no encontro dos postulante­s à Presidênci­a, discutiram-se segurança, saúde e educação. Comparativ­amente, foi positivo.

No entanto, a discussão não ficou nisso. Saltou aos olhos a estratégia de cada candidato – ou sua falta. João Doria (PSDB), por seu perfil e ímpeto o mais polêmico deles, ocupou o centro. Não apenas porque as pesquisas o colocam na dianteira, tecnicamen­te empatado com Paulo Skaf (MDB), mas porque se lança à campanha agarrando-se à sua fórmula de sucesso: a expressão do antipetism­o.

Ao polarizar com um partido igualmente controvers­o, num Estado que tradiciona­lmente lhe expressa aversão, Doria tenta aglutinar um consideráv­el contingent­e eleitoral, conservado­r, avesso à política em geral e, em particular, aos valores e às práticas de uma esquerda em baixa. Trata-se de um eleitor que, estimulado, pode levá-lo ao 2.º turno.

Igualmente, Luiz Marinho, do PT, escolheu Doria como antagonist­a. Tudo o que o ex-prefeito não desperta é indiferenç­a; logo, desgastá-lo também atrai atenções e simpatia de uma parte do eleitorado que hoje o rejeita. Pelo menos neste debate, nem Márcio França (PSB) nem Skaf conseguira­m assumir protagonis­mo. O relógio girará rápido: com urgência, eles precisarão decidir quem, afinal, convidarão para dançar.

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