O Estado de S. Paulo

Execução na Tijuca

Ex-marido mandou matar corretora no Rio, diz polícia.

- Fábio Grellet / RIO

A Polícia Civil do Rio concluiu que a corretora de imóveis Karina Garofalo, de 44 anos, assassinad­a anteontem na Barra da Tijuca, zona oeste carioca, foi morta a mando do ex-marido, Pedro Paulo Barros Júnior, de 47 anos. Ela voltava para casa ao lado do filho de 13 anos, após almoçar em um shopping, quando um homem encapuzado e armado atirou e fugiu em um carro. O crime, segundo a Polícia, foi cometido por um primo de Pereira Júnior, Paulo Maurício Barros Pereira.

Os dois suspeitos tiveram a prisão temporária, por 30 dias, decretada ontem pela Justiça. Até o início da noite, não havia informação sobre as prisões. Policiais passaram o dia nas ruas, tentando prender a dupla.

A Delegacia de Homicídios (DH) do Rio chegou aos suspeitos com base em uma trilha de indícios que deixaram, como as imagens de câmeras de segurança. Um vídeo registrou Barros Pereira, sem máscara, no centro de compras, ao volante do carro usado para o crime. Pela filmagem, o menino o reconheceu. O veículo foi alugado por Barros Pereira em seu nome. Uma moto filmada no mesmo lugar, com um homem de capacete, é do ex-marido.

Segundo a polícia, Pereira Júnior e a mulher, pais do garoto, tiveram separação litigiosa e disputavam na Justiça patrimônio de R$ 3 milhões. Além disso, o ex-marido tinha ciúmes de Karina, que, separada, se relacionav­a com outro homem. Segundo policiais, a mulher morava com o novo companheir­o havia quatro meses, e parecia feliz. Isso teria irritado o ex-marido, inconforma­do com a separação.

“A felicidade da mulher pode ter provocado a ira do ex-marido. O crime guarda todos os qualificad­ores de um feminicídi­o, e as investigaç­ões apontam pelo menos para um homicídio triplament­e qualificad­o, por ser mulher, motivo torpe e sem possibilid­ade de defesa”, disse o delegado André Barbosa, da DH.

Segundo ele, embora o casal tenha tido intensas discussões recentemen­te, as desavenças nunca haviam chegado à polícia.

Conforme Barbosa, o adolescent­e que presenciou o crime, ao ver imagens da execução, reconheceu o primo e a moto do pai. No depoimento, que o delegado classifico­u como “assustador”, o menino afirmou que “papai mandou matar mamãe”. Crime. Na tarde de anteontem, Pereira Júnior e o primo esperaram a vítima se aproximar do prédio em que morava. O primo teria se aproximado de Karina a pé, com capuz no rosto. Atirou quatro vezes – a cena foi registrada por câmeras –, entrou em um Renault Logan preto e fugiu. Ela morreu imediatame­nte. A arma, com silenciado­r, foi achada ontem em uma sacola, em um terreno baldio perto do local do homicídio.

Após o crime, o carro foi abandonado na frente do condomínio onde mora a ex-mulher do namorado de Karina. Foi uma tentativa de enganar a polícia, envolvendo essa ex-mulher no crime, aponta a investigaç­ão.

A polícia apura se houve participaç­ão de um terceiro, mas ainda na madrugada de ontem pediu a prisão do ex-marido e de seu primo. O Portal dos Procurados oferece recompensa de R$ 1 mil por informaçõe­s que ajudem na prisão.

O autor dos disparos já foi acusado por outro homicídio. O Estado não conseguiu localizar ontem a defesa dos dois. Além do adolescent­e que testemunho­u o crime, a vítima tinha uma filha de 18 anos.

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ARMANDO PAIVA/AGÊNCIA O DIA Investigaç­ão. Imagens de câmeras de segurança ajudaram polícia a identifica­r suspeitos

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