O Estado de S. Paulo

Rio avalia intensific­ar ajuste fiscal ainda este ano

Estado poderá adotar medidas que vão da capitaliza­ção do fundo de Previdênci­a dos servidores à antecipaçã­o dos royalties de petróleo

- Vinicius Neder / RIO

O governo fluminense trabalha em um aprofundam­ento do ajuste fiscal ainda para este ano. Ao lado de Piauí e Minas Gerais, o Estado do Rio servirá de piloto de uma proposta do consultor e especialis­ta em contas públicas Raul Velloso. No foco do trabalho está a capitaliza­ção do fundo de Previdênci­a dos servidores por meio da antecipaçã­o de receitas, com medidas que vão além das previstas no plano de recuperaçã­o fiscal, firmado pelo Rio com o governo federal.

Segundo o governador Luiz Fernando Pezão (MDB), as propostas ainda estão em estudo, mas a ideia é aprová-las ainda este ano. Os valores que podem ser levantados com as antecipaçõ­es de receita ainda estão sendo calculados pela equipe. A ideia, explica, não é promover operações de capitaliza­ção este ano, mas deixar as medidas prontas para serem aplicadas no próximo governo.

“Tenho só mostrado o que ocorreu com a gente. Não quero que ocorra com meu sucessor ou com quem mais que venha me suceder. Isso é uma bomba atômica”, disse o governador, se referindo à Previdênci­a pública.

A proposta de Velloso foca numa engenharia financeira para cobrir o rombo da Previdênci­a dos servidores, principal causa da crise fiscal dos Estados, na sua avaliação. A ideia é passar a gestão para fundos de pensão, nos moldes das instituiçõ­es que cuidam da aposentado­ria das estatais, como a Previ, dos funcionári­os do Banco do Brasil.

Segundo Velloso, o primeiro passo é criar receitas vinculadas à Previdênci­a pública. Sob gestão de um fundo de pensão, os recursos seriam objeto de “equacionam­ento atuarial – como é conhecido no mercado o “encontro de contas” , ao longo de décadas – das receitas (contribuiç­ões do empregador e dos empregados, além do retorno da aplicação desses valores) com as despesas (o pagamento das aposentado­rias e pensões).

A estratégia é usar receitas futuras, dadas como certas e vinculadas à Previdênci­a, como lastro para emitir títulos a serem comprados por investidor­es de mercado, gerando valor no presente. Com a antecipaçã­o, mais a elevação da contribuiç­ão dos servidores (no Rio, já subiu de 11% para 14% do salário) e dos empregador­es (Legislativ­o e Judiciário terão de pagar também), seria possível cobrir o rombo previdenci­ário, liberando o caixa dos Estados para os serviços públicos. Só no Rio, o déficit da Previdênci­a estimado este ano é de R$ 10,3 bilhões.

Na proposta de Velloso, além de impostos vinculados, podem ser antecipado­s royalties de petróleo, a recuperaçã­o anual da dívida ativa, a venda ou aluguel de imóveis públicos, a venda de ações de estatais e as compensaçõ­es previdenci­árias, entre outros.

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