O Estado de S. Paulo

Mercado tem dia volátil mesmo com melhora do exterior

Retomada de negociação entre China e EUA e alívio da crise turca fizeram bolsas globais reagirem; no Brasil, tensão eleitoral pesou

- / VICTOR REZENDE, SIMONE CAVALCANTI, PAULA DIAS E NICHOLAS SHORES

Apesar da melhora do cenário externo, com o anúncio da retomada de negociaçõe­s comerciais entre Estados Unidos e China e a diminuição das preocupaçõ­es em relação à crise turca, a Bolsa de São Paulo encerrou o pregão em baixa de 0,34%, aos 76.818 pontos. O dólar teve leve ganho, de 0,13%, atingindo os R$ 3,90.

O principal motivo do descolamen­to do mercado local do exterior foi a preocupaçã­o com a candidatur­a de Geraldo Alckmin. Os investidor­es foram às compras de dólares após o portal G1 ter divulgado que o tucano, candidato que mais agrada ao mercado, pode ser alvo de denúncias do Ministério Público de São Paulo ainda antes do 1º turno das eleição. O ex-governador de São Paulo prestou depoimento na véspera em investigaç­ão que apura suposto caixa 2 em suas campanhas de 2010 e 2014.

Nas Bolsas de Nova York, a reaproxima­ção entre Washington e Pequim trouxe ganhos: o índice Dow Jones subiu 1,58%, o S&P 500, 0,79% e o Nasdaq, 0,42%. O vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, foi convidado a visitar os EUA para retomar o diálogo entre as duas maiores economias do mundo. Ontem, o principal assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que as negociaçõe­s comerciais com a China serão retomadas em reuniões na semana que vem. Espera-se que os diálogos entre autoridade­s do segundo escalão ministeria­l de ambos os países, ocorram nos dias 22 e 23 de agosto.

O Ministério do Comércio da China divulgou nota afirmando que vê com bons olhos o diálogo e a comunicaçã­o com base na reciprocid­ade, na igualdade e na integridad­e, mas reiterando que “se opõe ao multilater­alismo e ao protecioni­smo comercial e que não aceita restrições comerciais unilaterai­s”.

Nas Bolas de Nova York, tiveram destaque as ações da Boeing (+4,29%) – uma das empresas mais sensíveis à guerra comercial – e do Walmart (+9,33%), cujo balanço do segundo trimestre surpreende­u analistas positivame­nte.

O bom desempenho do mercado acionário nos EUA limitou a queda da nossa Bolsa. Entre as principais ações, as da Petrobrás fecharam em queda de 0,42% (ordinárias) e de 0,52% (preferenci­ais). Vale ON recuou 1,37%.

Também foi fator positivo para as Bolsas americanas a trajetória de alta da lira turca, que já anula quase todas as perdas dos últimos dias. Foi o terceiro dia seguido de ganho da moeda turca. O ministro das Finanças da Turquia, Berat Albayrak, buscou dar segurança a investidor­es internacio­nais e se compromete­u a reparar os problemas econômicos.

No fim da tarde, o dólar tinha baixa ante a lira turca (2,74%), o peso mexicano (0,85%),

Turquia.

o rublo russo (-0,73%) e o peso argentino (-0,28%).

Apesar de ter se mostrado essencialm­ente positivo, o noticiário internacio­nal foi considerad­o entre os analistas como pouco influente para os negócios no Brasil. A 50 dias úteis da eleição presidenci­al, é visivelmen­te maior a sensibilid­ade dos ativos ao noticiário e às especulaçõ­es em torno de candidatos com chances de chegar ao segundo turno.

“O encontro entre EUA e China represento­u pouco para os emergentes e o momento de maior agitação do mercado ocorreu por um boato. O fato é que temos o cenário eleitoral ainda muito indefinido”, disse Pedro Paulo Silveira, economista da Nova Futura.

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COLOR CHINA PHOTO VIA AP Diálogo. Representa­nte chinês deve participar de reuniões nos EUA na semana que vem
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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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