Ele e a cidade
Um passeio pela São Paulo de German Lorca, fotógrafo homenageado em dois eventos
Aos 96 anos, German Lorca, um dos pioneiros da fotografia moderna brasileira, mostra vigor e memória de fazer inveja a muito jovem com celular na mão. Não é por acaso que, nos próximos dias, seu nome ganhará destaque em dois eventos na cidade.
Após convidá-lo para colaborar na criação de uma revista que será distribuída na feira, a SP-Arte/Foto decidiu torná-lo o homenageado de sua 12ª edição, que tem início nesta 5ª (23). Depois, no dia 25/8, o
%IHermesFileInfo:-6:20180817:YYQ:: taú Cultural inaugura uma grande retrospectiva em homenagem aos 70 anos de carreira do fotógrafo.
Nascido em São Paulo e crescido na região do Brás, German é famoso pelo olhar sensível que sempre lançou para a cidade – seja no início de sua trajetória, ligada ao Foto Cine Clube Bandeirante, seja no percurso que trilhou posteriormente.
A seguir, confira a entrevista que ele concedeu ao
Divirta-se em seu estúdio na Vila Mariana, um roteiro com imagens emblemáticas da capital, além de mais detalhes sobre os dois eventos. Júlia Corrêa
Como se sente sendo homenageado em dois eventos tão próximos?
As emoções são tantas que a gente não tem como classificar ou definir. É uma emoção por todo o tempo de trabalho.
Eventos como a SP-Arte/Foto evidenciam que o interesse internacional pela fotografia moderna brasileira vem crescendo. Como o senhor avalia isso?
Nós não tínhamos comunicação com clubes e fotógrafos importantes de fora. Isso foi ocorrendo quando o Foto (Cine) Clube (Bandeirante) começou a enviar fotografias para salões estrangeiros. Adquiríamos livros e revistas, e íamos assimilando o conteúdo artístico que eles aceitavam. Mas não era tão fácil, até porque isso era caro.
Além das fotografias artísticas, o senhor voltou-se para as publicitárias. Existia algum preconceito com essa produção?
Mesmo com elementos de propaganda, eu fazia uma fotografia autoral, e o pessoal aceitava – mas, àquela altura, eu já não estava mais no clube. Achavam que eu ia me afastar e não ia fazer mais nada, mas foi aí que eu produzi mais.
Ao lado de seus contemporâneos, você fazia ideia de que estava transformando a linguagem fotográfica no Brasil?
Nunca pensei nisso. Eu fazia fotos mais avançadas, mas eram ideias que davam certo. Sempre procurava aproveitar o tempo depois de trabalhos profissionais. Olhava em volta do ambiente em que eu estava e, às vezes, surgiam coisas que eu achava que valia a pena registrar. A fotografia é esse momento decisivo.
Recentemente, o senhor expôs no MIS fotos feitas com celular.
É interessante; mas não permite ampliações grandes, pois perde qualidade. Hoje, todo mundo tira tantas (fotos) que ninguém pode ficar tão realizado com isso. As pessoas têm pé atrás com fotoarte feita por celular, mas tudo pode acontecer...