Pequim já estuda usar multas para estimular natalidade.
Estudo publicado na Província de Jiangsu sugere política de imposto especial para famílias com menos de dois filhos no país mais populoso do mundo
No momento em que Pequim analisa meios de incentivar os chineses a ter mais filhos, o jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) da Província de Jiangsu, o Xinhua Daily, publicou um estudo que defende a criação de um imposto especial para as famílias com menos de dois filhos na China.
Os autores do artigo sugerem criar uma taxa especial para pessoas com menos de 40 anos que não tiverem dois filhos. Esse imposto proporcionaria recursos para um fundo de apoio à maternidade. Depois do nascimento do segundo bebê, os contribuintes poderiam pedir a restituição do imposto, além de receber uma ajuda para compensar a perda de renda no período anterior.
A ideia surge menos de três anos após a abolição da política do filho único, segundo a qual casais que quisessem ter mais de um filho teriam de pagar multas que podiam chegar a US$ 17 mil (R$ 66,4 mil).
O artigo é assinado por um grupo de pesquisadores universitários com o objetivo de incentivar a natalidade no país sob o título Aumentar a fertilidade: um novo objetivo para o desenvolvimento demográfico da China na nova era. Mais de 30 anos da política do filho único limitaram os nascimentos no país. O fim da medida ainda não apresentou resultados suficientes para reduzir a queda da natalidade no gigante asiático.
A ideia recebeu inúmeras críticas nas redes sociais chinesas, como a Weibo, o equivalente ao Facebook no país. “Se o governo quer incentivar a natalidade, por que não pensa na inseminação artificial?”, afirma um internauta.
Contra os números negativos das estatísticas, especialistas chineses têm buscado ideias de medidas mais agressivas que possam ser tomadas pelo governo. O número de nascimentos na China após o fim da política de filho único caiu de 17,86 milhões em 2016 para 17,23 milhões em 2017. No mesmo período, o porcentual da população com mais de 60 anos passou de 16,7% para 17,3%.
Uma iminente crise demográfica pode pôr em perigo o crescimento econômico – com reflexos sobre o governo do
Partido Comunista e sobre seu líder, Xi Jinping. A China é o país mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de habitantes. Extremos. O novo entendimento do partido provoca temores de que o governo passe de um extremo invasivo a outro, ao induzir mulheres a ter mais filhos. Algumas províncias já limitaram o acesso ao aborto ou estão dificultando o divórcio.
“Falando claramente, o nascimento de uma criança não é mais apenas um problema da família, mas também uma questão de Estado”, disse na semana passada em editorial o jornal oficial Diário do Povo, provocando do críticas generalizadas e debates online.