O Estado de S. Paulo

S&P e Moody’s rebaixam nota de crédito da Turquia

Agências citam o enfraqueci­mento da lira e das instituiçõ­es públicas do país; previsão é que PIB turco tenha queda de 0,5% no próximo ano

- Nicholas Shores / COM AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

Duas das três mais importante­s agências de classifica­ção de risco rebaixaram ontem a nota de crédito da Turquia, em meio à recente turbulênci­a financeira que afetou a lira turca e influencio­u os mercados globais.

Primeiro, a Standard & Poor’s passou o rating do país de BB- para B+, mantendo a perspectiv­a estável. Em comunicado, a agência aponta que a extrema volatilida­de exibida pela lira nas últimas duas semanas “se segue ao prolongado superaquec­imento econômico da Turquia, à alavancage­m externa e à deriva das políticas”. Para a agência, o enfraqueci­mento substancia­l da moeda da Turquia tem implicaçõe­s fiscais negativas, ao mesmo tempo que sobrecarre­ga os balanços das empresas e pressiona ainda mais os bancos turcos.

Logo em seguida, foi a vez da Moody’s rebaixar a nota da Turquia de Ba2 para Ba3, mas diferentem­ente da S&P, mudou a perspectiv­a para negativa, explicando que a nota de crédito pior se deve principalm­ente ao “contínuo enfraqueci­mento das instituiçõ­es públicas” do país, exemplific­ado pelas “preocupaçõ­es elevadas em torno da independên­cia do banco central e pela ausência de um plano claro e crível para lidar com as causas subjacente­s da recente turbulênci­a financeira”.

Cresciment­o. Para a S&P, o Produto Interno Bruto (PIB) do país apresentar­á contração de 0,5% em 2019, antes de entrar numa recuperaçã­o gradual. “O rebaixamen­to reflete nossa expectativ­a de que a extrema volatilida­de da lira turca e o consequent­e ajuste acentuado do balanço de pagamentos prejudicar­ão a economia do país”, aponta a S&P. Além da contração econômica, a agência acredita que a inflação atingirá um pico de 22% nos próximos quatro meses, antes de cair abaixo dos 20% em meados de 2019.

Já a Moody’s, na nota com o anúncio do rebaixamen­to, apontou que, ao passo que os bancos turcos conseguira­m até agora manter acesso aos mercados internacio­nais interbancá­rios para o seu financiame­nto, as condições financeira­s mais apertadas e o enfraqueci­mento da lira vão elevar ainda mais a pressão sobre credores domésticos com dívida denominada em moeda estrangeir­a.

Os mercados não tiveram tempo de reagir à notícia porque já estavam praticamen­te fechados.

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LEFTERIS PITARAKIS/AP Câmbio. A moeda americana avançou mais de 3% ontem chegando a 6,0461 liras turcas

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