S&P e Moody’s rebaixam nota de crédito da Turquia
Agências citam o enfraquecimento da lira e das instituições públicas do país; previsão é que PIB turco tenha queda de 0,5% no próximo ano
Duas das três mais importantes agências de classificação de risco rebaixaram ontem a nota de crédito da Turquia, em meio à recente turbulência financeira que afetou a lira turca e influenciou os mercados globais.
Primeiro, a Standard & Poor’s passou o rating do país de BB- para B+, mantendo a perspectiva estável. Em comunicado, a agência aponta que a extrema volatilidade exibida pela lira nas últimas duas semanas “se segue ao prolongado superaquecimento econômico da Turquia, à alavancagem externa e à deriva das políticas”. Para a agência, o enfraquecimento substancial da moeda da Turquia tem implicações fiscais negativas, ao mesmo tempo que sobrecarrega os balanços das empresas e pressiona ainda mais os bancos turcos.
Logo em seguida, foi a vez da Moody’s rebaixar a nota da Turquia de Ba2 para Ba3, mas diferentemente da S&P, mudou a perspectiva para negativa, explicando que a nota de crédito pior se deve principalmente ao “contínuo enfraquecimento das instituições públicas” do país, exemplificado pelas “preocupações elevadas em torno da independência do banco central e pela ausência de um plano claro e crível para lidar com as causas subjacentes da recente turbulência financeira”.
Crescimento. Para a S&P, o Produto Interno Bruto (PIB) do país apresentará contração de 0,5% em 2019, antes de entrar numa recuperação gradual. “O rebaixamento reflete nossa expectativa de que a extrema volatilidade da lira turca e o consequente ajuste acentuado do balanço de pagamentos prejudicarão a economia do país”, aponta a S&P. Além da contração econômica, a agência acredita que a inflação atingirá um pico de 22% nos próximos quatro meses, antes de cair abaixo dos 20% em meados de 2019.
Já a Moody’s, na nota com o anúncio do rebaixamento, apontou que, ao passo que os bancos turcos conseguiram até agora manter acesso aos mercados internacionais interbancários para o seu financiamento, as condições financeiras mais apertadas e o enfraquecimento da lira vão elevar ainda mais a pressão sobre credores domésticos com dívida denominada em moeda estrangeira.
Os mercados não tiveram tempo de reagir à notícia porque já estavam praticamente fechados.