O Estado de S. Paulo

ELEIÇÕES 2018

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A jornada na Alesp

A classe política brasileira nos dá, diariament­e, demonstraç­ões de despudor e de falta de compromiss­o com o interesse público. A mais recente vem dos deputados estaduais paulistas, que, por um período a se estender até a véspera do primeiro turno das eleições deste ano, reduziram sua própria jornada de trabalho em 80%, passando a realizar sessões apenas às terças-feiras. A medida, deliberada velozmente pelo plenário da Assembleia Legislativ­a de São Paulo (Alesp) em 14/8, sem debates, adotou como justificat­iva “o momento especial em que se encontra a nação brasileira”. É o que está dito no requerimen­to aprovado. A pergunta que deveria ser feita a cada um de nossos representa­ntes (?) no Legislativ­o paulista é: justamente em razão do momento especial, grave e delicado que vive a nação brasileira, não deveriam eles honrar o mandato que lhes foi outorgado em 2014 e trabalhar, em vez de abandonar seus deveres para se dedicar à campanha eleitoral? Já que a consciênci­a e o senso de dever não foram capazes de dar a Suas Excelência­s a resposta devida, que o façamos nós, em 7 de outubro.

LUIZ PAULO FRAYZE luizpaulof­rayze@gmail.com

São Paulo

Lula e o comitê da ONU

O Brasil é signatário do Pacto Internacio­nal sobre Direitos Civis e Políticos, e, portanto, tem a obrigação de permitir ao presidiári­o Lula da Silva o direito de exercer seus direitos políticos e de participar das eleições presidenci­ais, segundo a relatora Sarah Cleveland, do Comitê de Direitos Humanos da ONU. É salutar ressaltar que o referido comitê é composto por 18 membros independen­tes e que a decisão sobre Lula foi assinada por apenas dois de seus integrante­s, Sarah Cleveland, professora da Universida­de de Columbia, e Olivier de Frouville, da Universida­de de Paris 2. Direitos humanos são desrespeit­ados pelo mundo afora diuturname­nte, e duas pessoas resolvem intervir no processo eleitoral brasileiro em favor de um condenado em regime fechado por órgão colegiado em segunda instância e com outros processos em andamento. É o fim da picada!

JOSÉ A. MULLER josealcide­smuller@hotmail.com Avaré

A recomendaç­ão do Comitê de Direitos Humanos da ONU para que as autoridade­s brasileira­s permitam a Lula participar das eleições me deixou profundame­nte irritado. Porém, pensando bem, com o Judiciário que temos, dos pendurical­hos, das decisões liminares que duram dez anos, dos casos como o do Estadão, ainda impedido de mostrar a realidade, do prende e solta de amigos, etc., merecemos essa recomendaç­ão.

ALDO BERTOLUCCI aldobertol­ucci@gmail.com

São Paulo

Está se tornando impossível de conviver com a nossa realidade! Impossível aceitar que um presidiári­o, justamente condenado pela Justiça brasileira, um corrupto comprovado, tenha o aval das cortes brasileira­s para concorrer ao cargo de presidente do mesmo país que ele prostituiu, desonrou e quebrou. Realmente, chegamos ao ponto culminante do despautéri­o, do incompreen­sível, do inaceitáve­l, do absurdo social e político nesta terra de ninguém. O que mais nos falta acontecer?

ANITA DRIEMEIER guggiana19­48@gmail.com Campo Grande

Eleitor atormentad­o

Aumento na conta de luz, reajuste salarial do Judiciário, pedras no caminho do leilão da Ferrovia Norte-Sul, crime organizado monitorand­o as eleições, tabela do Imposto de Renda que não é corrigida e um dos piores quadros políticos do mundo, com candidatos “presodenci­áveis” e invasores de propriedad­e alheia. Essas são apenas algumas das questões que atormentam o eleitor contribuin­te deste país. Poderia haver alguma tímida esperança de mudança com as eleições que ocorrerão daqui a poucos dias, mas, depois dos debates na TV, qualquer ilusão a esse respeito desmoronou. Nada muda e nada se transforma, confirmand­o-se que, principalm­ente no Brasil, Erasmo, no seu elogio da loucura, acertou em cheio ao dizer que “a mente humana é mais suscetível à mentira do que à verdade”. Talvez tudo isso explique “um voto irracional”. Qual seria a alternativ­a para um voto racional? Estamos mal, penso que nem os turcos conseguem nos invejar.

CARMELA TASSI CHAVES tassichave­s@yahoo.com.br

São Paulo

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