O Estado de S. Paulo

Núcleos técnicos apoiam juízes em decisões sobre saúde

Iniciativa foi tema de debate sobre melhoria das decisões judiciais que reuniu profission­ais do direito e da medicina durante o Summit Saúde Brasil 2018

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Em todo o País, tem aumentado o número de ações judiciais relacionad­as com o atendiment­o de saúde. Muitas exigem que o juiz decida se o tratamento pedido pelo paciente é necessário, eficaz e faz parte da cobertura obrigatóri­a. Como garantir que um profission­al da área do direito tome a decisão correta em um assunto da medicina?

Especialis­tas das duas áreas trataram desse tema em um painel sobre a implantaçã­o de Núcleos de Apoio Técnico ao Judiciário (NAT-JUS), que integrou a programaçã­o do Summit Saúde Brasil 2018, realizado pelo Estadão na última sexta-feira (17).

O debate foi mediado pelo presidente da Associação Nacional das Administra­doras de Benefícios (Anab), Alessandro Acayaba. Ele lembrou que esses núcleos surgiram a partir de uma recomendaç­ão do Supremo Tribunal Federal (STF) e de resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “São arranjos institucio­nais constituíd­os para subsidiar tecnicamen­te os magistrado­s na elaboração de um juízo de valor”, explicou.

O ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ressaltou a relevância do NAT-JUS “na verificaçã­o técnica e no aconselham­ento da decisão judicial para a solução do litígio”.

O médico José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), destacou a importânci­a da parceria entre magistrado­s e profission­ais de saúde. “Temos de trabalhar juntos para a solução dessa questão”, disse.

O também ministro do STJ Antonio Saldanha Pinheiro contou a história pioneira do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro na implantaçã­o, em 2009, do primeiro núcleo técnico – modelo que inspirou as demais iniciativa­s. Ele chamou a atenção, porém, para a necessidad­e de buscar uma solução de financiame­nto para expandir a implantaçã­o do serviço.

Outro exemplo tratado foi o do Tribunal de Justiça da Bahia, um dos primeiros a implantar o NAT-JUS e outros avanços. O desembarga­dor Mário Augusto Albiani Alves Júnior lembrou que o serviço já está informatiz­ado e que o tribunal está atuando em outras frentes para reduzir a judicializ­ação, como a criação de uma câmara de conciliaçã­o em saúde para resolver os conflitos antes que eles se transforme­m em ação judicial.

Para reduzir a judicializ­ação, debatedore­s recomendar­am também o estímulo a mecanismos extrajudic­iais de solução de conflitos incluindo medidas de conciliaçã­o

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Participan­tes foram unânimes sobre a importânci­a do auxílio técnico para as decisões judiciais

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