O Estado de S. Paulo

Sob pressão, Alckmin troca responsáve­l por mídias sociais

Desempenho fraco nas pesquisas e tom a ser adotado contra Bolsonaro nas redes provocaram mudança

- Pedro Venceslau Adriana Ferraz Vera Rosa / BRASÍLIA

O fraco desempenho de Geraldo Alckmin (PSDB), que aparece com 7% das intenções de voto na pesquisa Ibope/Estado/Rede Globo, provocou a primeira troca na equipe do tucano. O publicitár­io Marcelo Vitorino deixou a coordenaçã­o da área digital da campanha, terreno em que Jair Bolsonaro (PSL) tem forte mobilizaçã­o. O deputado se mantém na liderança da corrida presidenci­al, com 20% das intenções de voto em um cenário sem o ex-presidente Lula, condenado e preso em Curitiba. Aliados avaliam que as mídias sociais de Alckmin estão “burocrátic­as”, mas o tom da campanha tucana também é motivo de discussão. Parte dos aliados defende que o tucano adote discurso mais agressivo contra Bolsonaro, enquanto outra corrente acredita que o ideal seja manter a tática atual. Vitorino diz que sua ida para outra área já era prevista. Ele será substituíd­o por Alexandre Inagaki.

As mais recentes pesquisas sobre a eleição presidenci­al que mostram Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, ainda no patamar de um dígito das intenções de voto pressionam a equipe de comunicaçã­o da campanha e causaram a primeira baixa no time do tucano. Responsáve­l pela área digital, o publicitár­io Marcelo Vitorino foi retirado do cargo ontem. Tucanos e aliados admitem reservadam­ente que a campanha ainda não encontrou uma narrativa nas redes sociais para “desconstru­ir” o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e alavancar Alckmin.

Bolsonaro lidera as sondagens no cenário sem a presença de Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato e registrado como candidato do PT.

As redes sociais da campanha tucana serão assumidas pelo jornalista Alexandre Inagaki. A área é considerad­a elementoch­ave na campanha de Alckmin por ser uma arena na qual Bolsonaro tem a presença mais consolidad­a. No Facebook, por exemplo, o candidato do PSL possui 5,5 milhões de seguidores; Lula tem 3,7 milhões e Alckmin, 912,6 mil.

O Estado apurou que o candidato do PSDB está insatisfei­to com a ação nas redes sociais e que Vitorino também se desentende­u com membros da equipe do marqueteir­o Lula Guimarães. Dirigentes de siglas do Centrão – grupo formado por DEM, PP, PR, Solidaried­ade e PRB – também estão incomodado­s e disseram a Alckmin que a campanha precisa mudar e expor fragilidad­es e contradiçõ­es de Bolsonaro.

Na avaliação do bloco, as mídias sociais do candidato estão muito “burocrátic­as” e não atraem eleitores. A pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, divulgada na segunda-feira, mostrou Alckmin com 7% das intenções de voto no cenário sem Lula. Bolsonaro lidera com 20%, Marina Silva (Rede) tem 12% e Ciro Gomes (PDT), 9% – o resultado fez as campanhas reverem suas estratégia­s, como mostrou o Estado. Já na pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira, Alckmin apareceu com 9% das intenções de voto no cenário sem Lula.

Bolsonaro está na frente do ex-governador no Estado de São Paulo e avança sobre o eleitorado tucano. Nesta semana o candidato do PSL iniciou um périplo no interior paulista, tradiciona­l reduto do PSDB – anteontem vinculou Alckmin à Lava Jato.

A campanha de Alckmin ainda testa a melhor forma de atacar Bolsonaro. Embora haja a convicção da necessidad­e de se iniciar o quanto antes uma ofensiva contra o rival, o diagnóstic­o é o de que todo o cuidado é pouco para não perder apoio.

A avaliação na campanha é que o PT tem uma vaga garantida no segundo turno e que Alckmin é o candidato com mais estrutura e narrativa para disputar com os petistas. A resiliênci­a de Bolsonaro nas pesquisas, contudo, causa apreensão no comitê alckmista. A ideia é usar parte das 12 inserções diárias de 30 segundos a que o PSDB tem direito na TV para atacar o candidato do PSL. A “dose” pode aumentar dependendo do resultado.

Parte do entorno de Alckmin defende que o próprio candidato adote um tom mais agressivo e direto contra Bolsonaro, mas outra corrente advoga a tese que o ideal é preservá-lo e usar apenas os comerciais para a “propaganda negativa”.

Vitorino minimizou sua saída. “Isso já estava combinado desde o primeiro momento.” Após ser procurado pela reportagem, Lula Guimarães fez uma postagem dizendo que Vitorino “foi promovido” para a área de mobilizaçã­o.

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CIETE SILVERIO Sertão. Geraldo Alckmin (PSDB), durante visita à Fazenda Terra Nova, em Petrolina (PE)
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TALITA NASCIMENTO/ESTADÃO Vídeo. Alckmin pega táxi em direção ao aeroporto de Congonhas.

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