O Estado de S. Paulo

Impeachmen­t levaria mercado ao colapso, diz Trump

Língua solta. Após seu ex-advogado envolvê-lo em violações da lei de financiame­nto de campanha, presidente critica delação premiada, um dos fundamento­s do sistema jurídico americano, e afirma que todos ficariam ‘mais pobres’ se ele for destituído do cargo

- WASHINGTON / W.POST e NYT

Ameaçado pela possibilid­ade de sofrer um impeachmen­t, Donald Trump disse ontem que isso causaria um colapso no mercado, defendeu seu governo e atacou o Departamen­to de Justiça dos EUA.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou em uma entrevista que foi ao ar ontem que a economia americana pode entrar em colapso se ele sofrer um impeachmen­t. Trump também fez duras críticas ao Departamen­to de Justiça e a seu chefe, o secretário Jeff Sessions. “Ele nunca assumiu o controle do Departamen­to de Justiça e isso é uma coisa incrível”, disse o presidente ao programa Fox & Friends.

A entrevista foi uma tentativa de Trump se defender depois de uma série de reveses nos últimos dias que deixaram seu governo pressionad­o e ameaçado pela possibilid­ade de um processo de impeachmen­t.

Na conversa com a apresentad­ora Ainsley Earhardt, Trump atacou um dos fundamento­s do sistema legal americano: a delação premiada. “Se você pega 10 anos de prisão, mas inventa coisas ruins sobre alguém, vira um herói nacional”, disse. Mudar de lado assim deveria ser ilegal.”

Na terça-feira, seu ex-advogado Michael Cohen se declarou culpado em um tribunal federal e confirmou que realizou pagamentos ilegais, apedido de Trump, para silenciar mulheres que tiveram casos com ele, violando leis de financiame­nto eleitoral. No mesmo dia, um júri declarou culpado o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, em 8 das 18 acusações que pesavam contra ele, entre elas a defraude fiscal.

“Se eu for submetido a um impeachmen­t, acho que o mercado poderá entrar em colapso. Todos poderemos ficar mais pobres”, disse Trump. “Não sei como se pode submetera um impeachmen­t alguém que fez um grande trabalho.”

Depois de se defender, Trump atacou Sessions. A investigaç­ão sobre o suposto conluio da campanha de TrumpcomaR­ús sia, nas eleiçõesde 2016, estás ob responsabi­lidade do Departamen­to de Justiça.

Em 2017, no entanto, Sessions se declarou incapaz de supervisio­nar o caso, já que trabalhou na campanha. Assim, a Casa Branca perdeu o controle das investigaç­ão, liderada por Robert Mueller. Opresident­e lamentou ter nomeado Sessions e reclamou da “falta de ação do secretário. “Antes de eu chegar aqui, havia corrupção. É do governo Obama. Ninguém fez nada, nem Sessions.” Questionad­o se poderia demitir Sessions depois das eleições legislativ­as de novembro, Trump afirmou “pode ser uma ideia”.

A irritação de Trump com o Departamen­to de Justiça aumentou nos últimos meses, diante do avanço das várias frentes de investigaç­ão sobre a campanha de Trump e seus associados. Analistas acreditam que o presidente possa estar se movimentan­do para demitir Sessions e colocar à frente do Departamen­to de Justiça alguém que interrompa ou abafe a ação de Mueller.

A ideia de demitir Sessions era rejeitada pela cúpula republican­a até poucos meses atrás. Ontem, mas três senadores não descartara­m a possibilid­ade. “O presidente tem direito a um secretário de Justiça em quem ele confie, e acho que isso vai acontecer mais cedo do que tarde”, disse o senador republican­o Lindsey Graham.

De maneira pouco comum, Sessions rebateu o presidente. “Assumi o controle do Departamen­to de Justiça no dia em que fui empossado”, disse Sessions, em comunicado. “Enquanto eu for secretário, as ações do Departamen­to de Justiça não serão influencia­das por consideraç­ões políticas.” ✽

Obama “Antes de eu chegar aqui, havia corrupção. É do governo Obama. Ninguém fez nada” Donald Trump PRESIDENTE DOS EUA

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KEVIN LAMARQUE/REUTERS

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