PF indicia Joesley, Mantega e Palocci
Investigação da Polícia Federal envolve suposto rombo de R$ 1 bi em operações do BNDES para favorecer a JBS
A Polícia Federal indiciou os ex-ministros da Fazenda dos governos do PT Guido Mantega e Antonio Palocci, o empresário Joesley Batista e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho no inquérito da Operação Bullish – investigação sobre suposto rombo de R$ 1 bilhão em operações financeiras do banco para favorecer a JBS, de Joesley. As informações foram divulgadas TV Globo e confirmadas pelo Estado.
Ao todo, sete foram indiciados no inquérito Bullish. Além dos ex-ministros, do empresário e do ex-presidente do BNDES, a PF enquadrou Caio Marcelo de Medeiros Melo, Victor Garcia Sandri e Gonçalo Ivens Ferraz da Cunha de Sá.
A PF concluiu que o BNDES, na gestão Luciano Coutinho favoreceu a JBS, por meio de operações financeiras ilícitas.
A Mantega, especificamente, a PF atribui crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, quadrilha e corrupção passiva. Já Palocci, é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Joesley foi indiciado por crime contra o sistema financeiro, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Luciano Coutinho é acusado de crime contra o sistema financeiro, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e patrocínio de interesses privados perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
Sobre Mantega, a PF cravou. “O papel do ex-ministro Guido Mantega foi o de um verdadeiro agente duplo, pois, ao mesmo tempo que era o ‘gerente de projeto’ da internacionalização da empresa Friboi – JBS S/A., desde a concepção inicial do projeto, era também o responsável pela edição de atos e políticas governamentais que garantiram a execução desse projeto.”
A PF se refere a Mantega, em outro trecho do relatório, “como uma espécie de lobista” de Joesley Batista no governo federal, em que “promovia reuniões com Luciano Coutinho, e gestores de fundos de investimento, acelerando tramitações, destravando eventuais embargos que surgissem nos projetos de investimento, conforme narrativa de Batista, corroborada pelas provas colhidas nos autos e também na Operação Sépsis, compartilhadas com essa investigação”.
Segundo a PF, o que a levou a indiciar Palocci foi o recebimento, “a título de ‘consultoria’, de quase R$ 2,5 milhões da JBS, enquanto exercia o mandato de deputado federal da base do governo.
O relatório diz ainda que Luciano Coutinho, “por todo o conjunto de provas materiais e testemunhais, aceitou e assumiu a tarefa de encabeçar a instituição com o intuito de garantir a continuidade de um ciclo de retroalimentação de propinas, inaugurado na gestão de Guido Mantega à frente do BNDES”. Segundo a PF, as doações só foram possíveis com investimentos muito maiores do que o necessário para a finalidade de internacionalização da JBS .
O advogado André Calegari, defensor de Joesley, afirmou que a investigação contou com a colaboração do empresário para a elucidação dos fatos. A reportagem fez contato com a defesa do ex-ministro Guido Mantega e do ex-ministro Antonio Palocci, mas não teve retorno.
Em nota, Coutinho manifestou “total surpresa” em relação à decisão da PF e reiterou que “seus atos e procedimentos frente à administração pública sempre foram pautados pelo rigor de conduta, integridade, impessoalidade e respeito à lei”.