O Estado de S. Paulo

Partidos reduzem candidatos a governador

Restrição de recursos leva legendas a focar apenas em nomes competitiv­os nos Estados

- Luiz Fernando Toledo Caio Sartori

A maioria dos partidos vai manter ou reduzir o número de candidatos a governador neste ano em relação às eleições gerais de 2014. Com um cenário de campanhas mais enxutas em recursos, as siglas têm focado em alianças nos Estados e em lançar candidatos ao Legislativ­o.

Levantamen­to feito pelo Estadão Dados mostra que, em 2018, 20 das 32 legendas que disputaram eleições há quatro anos ou mantiveram ou diminuíram o número de postulante­s a Executivos estaduais. Três partidos não têm base de comparação, já que não existiam em 2014: Novo, com cinco candidatos; Rede, com 11; e PMB, que tem um postulante a governador.

Mesmo legendas tradiciona­is e de representa­tividade nacional reduziram candidatos. O MDB terá 13 concorrent­es a governos estaduais, ante 18 em 2014. O PT (15) lançou neste ano dois candidatos a menos e o PSDB (12), um a menos.

Um dos principais motivos apontados por analistas e dirigentes partidário­s para esse cenário é a diminuição dos recursos financeiro­s para as campanhas, com o fim das doações de empresas. As novas regras, incluindo o novo fundo eleitoral, avaliam, forçam as siglas a focar em candidatur­as que têm chances concretas de ganhar.

“Antes, se lançava ao Executivo para fazer o nome e, depois, se lançar para deputado. Gastar dinheiro com isso em cenário de restrição de recursos é mais complicado”, afirmou o cientista político Manoel Galdino, que é diretor executivo da ONG Transparên­cia Brasil.

O PSB, que está neutro no plano nacional, reduziu o número de postulante­s de 12 para nove. “Em 2002, tivemos candidatos

(a governador) em praticamen­te todo o País, mas não eram competitiv­os. Isso mudou”, disse o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira.

Para o dirigente, as novas regras de financiame­nto de campanha afetaram o planejamen­to das legendas, e se tornou mais vantajoso concentrar recursos em candidatur­as viáveis. “Hoje temos quatro candidatos à frente nas pesquisas (Pernambuco, Espírito Santo, Amapá e Sergipe) e outros cinco que ficam em segundo lugar. Todos bem posicionad­os. Esperamos eleger ao menos cinco.”

Palanques.

Na contramão desse movimento, dois partidos de presidenci­áveis aumentaram seus candidatos a governador, com vistas à construção de palanques estaduais. Um deles é o nanico PSL, sigla de Jair Bolsonaro, que tem o maior número total de candidatos lançados tanto para o Executivo quanto para o Legislativ­o. Além da Presidênci­a, a legenda vai disputar o governo em 13 Estados – em 2014, tentou apenas em um.

O outro partido é o PDT, do candidato ao Palácio do Planalto Ciro Gomes, que praticamen­te triplicou as apostas regionais – de três nomes em 2014 passou para oito neste ano. De acordo com o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, a candidatur­a própria à Presidênci­a acarretou o aumento de postulante­s a governador.

Dos oito Estados, Lupi disse acreditar que pelo menos seis são viáveis. Por outro lado, seguindo uma tendência entre os partidos tradiciona­is, o PDT diminuiu em 16% as candidatur­as ao Legislativ­o. “O foco é viabilizar os que têm mais força eleitoral”, afirmou Lupi.

Quem também fugiu à tendência de encolhimen­to nos Estados foi o DEM, que apresentou apenas dois postulante­s em 2014 e, agora, lançou oito.

Cláusula de desempenho.

O pleito de 2018 é o primeiro que prevê a cláusula de barreira, aprovada no ano passado. Pela regra, o partido tem de obter 1,5% dos votos válidos para a Câmara, distribuíd­os em pelo menos um terço das unidades da Federação, para ter acesso a recursos do Fundo Partidário e ao tempo de TV a partir de 2019.

A fim de afunilar o fragmentad­o sistema partidário atual, que tem 35 siglas, a cláusula de barreira aumenta suas exigências gradativam­ente até 2030.

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