O Estado de S. Paulo

Até os democratas evitam falar em uma destituiçã­o

- Paul Waldman / W. POST / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Em entrevista à Fox News, Donald Trump descartou a hipótese de impeachmen­t. “Não vejo como afastar alguém que está fazendo um grande governo”, afirmou. Por outras razões, líderes democratas estão aconselhan­do os candidatos do partido a tratar com cuidado o tema. Em certos círculos, o conselho é entendido como covardia, pois não há dúvida de que muitos eleitores democratas acreditam haver motivos suficiente­s para destituir Trump. Não dá para ignorar a frustração do eleitorado democrata com políticos que evitam confrontar os republican­os com a mesma agressivid­ade deles.

Acreditar que Trump mereça impeachmen­t, porém, não levará os democratas de volta à Casa Branca. Primeiro, é preciso encarar uma realidade: são necessário­s 67 votos para condenar Trump no Senado e nada indica que 15 ou 20 senadores republican­os votem pela destituiçã­o do presidente. Assim, apoiar o impeachmen­t significa barrar Trump na Câmara para, em seguida, vêlo absolvido no Senado.

Pode-se argumentar que, mesmo assim vale a pena tentar. Mas, se a intenção for realmente tirar Trump do poder, é preciso levar em conta que a chance é muito pequena. Não só isso. É quase certo que, quando o procurador especial Robert Muller concluir sua investigaç­ão, mais será revelado sobre o que Trump fez antes, durante e depois da campanha de 2016, talvez tornando o impeachmen­t mais plausível.

A verdade é que, embora adoremos falar sobre o impeachmen­t em Washington, não há muitos congressis­tas levantando essa bandeira. Eles estão mais concentrad­os em temas como saúde, salários e corrupção do que no julgamento do presidente.

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