O Estado de S. Paulo

Arrecadaçã­o tem melhor julho desde 2011

Cresciment­o real de 12,8% no mês ficou acima das expectativ­as da equipe econômica, e o governo deverá revisar a projeção de receitas para o ano

- Eduardo Rodrigues Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA / COLABOROU EDUARDO LAGUNA

Superados os efeitos da greve dos caminhonei­ros, a arrecadaçã­o de impostos e contribuiç­ões federais teve cresciment­o real (acima da inflação) de 12,83% em julho e atingiu R$ 129,6 bilhões, segundo dados da Receita Federal. O desempenho – melhor para os meses de julho desde 2011 – fará com que a equipe econômica revise para cima a projeções de receitas neste ano.

No acumulado do ano, a arrecadaçã­o chegou a R$ 843,8 bilhões, com alta real de 7,74% em relação aos sete primeiros meses de 2017. O resultado da arrecadaçã­o ajuda o governo a cumprir a meta fiscal – que determina o quando as contas públicas devem ficar em um ano. Neste ano, a meta permite rombo de até R$ 159 bilhões. O déficit (resultado negativo) do ano passado, de R$ 124 bilhões, foi o segundo pior da história e o quarto ano seguido de rombo. A previsão do governo é de que as contas públicas só retomem ao azul em 2022.

O ministro do Planejamen­to, Esteves Colnago, disse ao Estadão/Broadcast que, como os gastos federais já estão no limite da regra do teto (que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação), a “folga” dada pelo aumento da arrecadaçã­o não será usada para o aumento de gastos. Novas liberações de recursos só devem acontecer se outras despesas forem canceladas. Por isso, segundo ele, os recursos poderão ser usados para um resultado primário (receitas menos despesas sem contar o pagamento dos juros da dívida) melhor ou para a capitaliza­ção de empresas estatais porque essa despesa não está sujeita ao teto.

“Os recursos podem ser usados ainda em créditos extraordin­ários em casos de catástrofe­s naturais, mas esperamos que isso não seja necessário”, afirmou.

O resultado da arrecadaçã­o de julho foi ajudado pelo cresciment­o de 103,95% nas receitas administra­das por outros órgãos – sobretudo royalties – em relação a julho do ano passado, somando R$ 10,891 bilhões. “Houve uma alta expressiva na arrecadaçã­o de royalties de petróleo por causa do aumento do preço internacio­nal do barril e à variação do dólar”, explicou o chefe do Centro de Estudos Tributário­s e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias.

Fatores. Segundo ele, a recuperaçã­o da indústria após a greve dos caminhonei­ros também colaborou para o bom desempenho das receitas no mês passado, assim como a melhora nas vendas de bens e serviços. A lucrativid­ade das empresas foi outro fator positivo, já que a arrecadaçã­o do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) subiu 28% em julho.

O sócio da Canepa Asset Alexandre Póvoa também avaliou que o resultado da arrecadaçã­o federal em julho sugere uma “limpeza” dos efeitos provocados pela greve dos caminhonei­ros na economia. “Está voltando tudo. Os indicadore­s de julho ‘limpam’ todos os efeitos da greve”, comentou Póvoa.

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