Prévia da inflação perde fôlego e fica em 0,13% em agosto
Resultado, que é o menor para o mês de agosto desde 2010, reforça expectativa de que Selic vá permanecer em 6,5%
Passado o impacto do choque de oferta após a greve dos caminhoneiros, a inflação perdeu fôlego. A alta de 0,13% registrada em agosto pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) – prévia da inflação oficial do País – foi a mais baixa para o mês desde 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A desaceleração mais forte que a esperada no grupo de alimentos e bebidas, reacendeu a possibilidade de deflação no dado fechado do mês, segundo pesquisa Projeções Broadcast. Embora as estimativas de queda ainda sejam minoria, a avaliação dos economistas é que além do conjunto de preços de alimentos, espera-se que quase todos os grupos do IPCA fiquem menos pressionados, permitindo recuo do indicador. Se confirmada, será a primeira deflação para o mês desde agosto de 1998 (-0,51%).
O resultado divulgado ontem não chegou a surpreender analistas do mercado financeiro, que esperavam taxa média de 0,10%. Apesar de ligeiramente mais elevada que as estimativas, a inflação acumulada em 12 meses arrefeceu de 4,53% em julho para 4,30% em agosto, abaixo do centro da meta perseguida pelo Banco Central, corroborando a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa básica de juros, a Selic, no nível atual de 6,5% ao ano. “A preocupação é com o ano que vem. A economia vai crescer mais e haverá um pouco mais de inflação. O BC deve subir um pouco os juros e isso terá efeito grande no pagamento da dívida. Estamos com uma dívida pública muito alta”, avaliou Everton Carneiro, analista na RC Consultores.
Na prévia da inflação oficial de agosto, as famílias pagaram menos pelos combustíveis e por alimentos comprados nos supermercados. Os gastos com transportes diminuíram 0,87% e as tarifas aéreas, 26,01%. Não fosse a energia elétrica, o País teria registrado deflação de 0,1% no mês. A conta de luz subiu 3,59%, a maior pressão sobre o IPCA-15 do mês.