O Estado de S. Paulo

Prévia da inflação perde fôlego e fica em 0,13% em agosto

Resultado, que é o menor para o mês de agosto desde 2010, reforça expectativ­a de que Selic vá permanecer em 6,5%

- Daniela Amorim / RIO Maria Regina Silva / SÃO PAULO

Passado o impacto do choque de oferta após a greve dos caminhonei­ros, a inflação perdeu fôlego. A alta de 0,13% registrada em agosto pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) – prévia da inflação oficial do País – foi a mais baixa para o mês desde 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

A desacelera­ção mais forte que a esperada no grupo de alimentos e bebidas, reacendeu a possibilid­ade de deflação no dado fechado do mês, segundo pesquisa Projeções Broadcast. Embora as estimativa­s de queda ainda sejam minoria, a avaliação dos economista­s é que além do conjunto de preços de alimentos, espera-se que quase todos os grupos do IPCA fiquem menos pressionad­os, permitindo recuo do indicador. Se confirmada, será a primeira deflação para o mês desde agosto de 1998 (-0,51%).

O resultado divulgado ontem não chegou a surpreende­r analistas do mercado financeiro, que esperavam taxa média de 0,10%. Apesar de ligeiramen­te mais elevada que as estimativa­s, a inflação acumulada em 12 meses arrefeceu de 4,53% em julho para 4,30% em agosto, abaixo do centro da meta perseguida pelo Banco Central, corroboran­do a expectativ­a de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa básica de juros, a Selic, no nível atual de 6,5% ao ano. “A preocupaçã­o é com o ano que vem. A economia vai crescer mais e haverá um pouco mais de inflação. O BC deve subir um pouco os juros e isso terá efeito grande no pagamento da dívida. Estamos com uma dívida pública muito alta”, avaliou Everton Carneiro, analista na RC Consultore­s.

Na prévia da inflação oficial de agosto, as famílias pagaram menos pelos combustíve­is e por alimentos comprados nos supermerca­dos. Os gastos com transporte­s diminuíram 0,87% e as tarifas aéreas, 26,01%. Não fosse a energia elétrica, o País teria registrado deflação de 0,1% no mês. A conta de luz subiu 3,59%, a maior pressão sobre o IPCA-15 do mês.

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