O Estado de S. Paulo

Gaúcha Panvel vai acelerar expansão em SP para brigar com líderes do setor

- Fernando Scheller

Farmácias. Empresa, que tem 415 unidades na região Sul, mas apenas quatro pontos de venda na capital paulista, pretende passar a abrir dez lojas ao ano na cidade a partir de 2019; uma das apostas da rede para se diferencia­r é fabricação própria da linha de beleza

A rede gaúcha Panvel, que tem 415 lojas na região Sul, está pronta para dar um salto em solo paulistano a partir de 2019. A companhia, que hoje tem apenas quatro lojas na capital paulista, quer chegar a 45 pontos de venda. Segundo o presidente da varejista, Júlio Mottin Neto, a ideia é acelerar a abertura de unidades para garantir que, até o início da próxima década, a Panvel tenha uma presença relevante no maior mercado do País.

Até agora, os passos da Panvel em São Paulo tem sido cuidadosos. A primeira unidade foi aberta em 2013, em um shopping da rede Bourbon, também do Rio Grande do Sul. Esse movimento paulatino resultará na abertura de uma quinta loja na capital paulista até o início de setembro. “Queremos ter uma boa posição na classe A e B, e não ser a maior rede (paulistana)”, diz Mottin Neto, lembrando que a escolha dos pontos tem sido cuidadosa. A partir de 2019, porém, essa expansão ganhará ritmo, com previsão de dez novas farmácias por ano.

Por trás desse movimento, de acordo com Alberto Serrentino, fundador da consultori­a Varese, está o fato de que as redes médias de drogarias terem percebido que ainda existem nichos a ser ocupados, apesar do surgimento de duas gigantes com ambições nacionais no setor: a Raia Drogasil e a Pacheco/São Paulo.

Serrentino lembra que a prática provou que, no mercado farmacêuti­co, nem sempre maior quer dizer melhor. Ele cita o caso do BTG Pactual, que sofreu sucessivos prejuízos com a Brasil Pharma, que reúne ativos como Big Ben e Farmais. O banco acabou se desfazendo do ativo por um preço simbólico. Hoje, a Brasil Pharma enfrenta um complexo processo de recuperaçã­o judicial.

Nesse contexto, diz o especialis­ta, redes como as gaúchas Panvel e São João, a paranaense Nissei e a paraense Extrafarma – esta última parte do Grupo Ultra – perceberam que poderiam continuar a ganhar mercado. “As farmácias de dono, ou as pequenas redes, estão perdendo mercado nas capitais. No interior, o segmento continua a ser bastante pulverizad­o”, explica o consultor.

Beleza. Para se diferencia­r, a Panvel, que faturou R$ 2,5 bilhões no ano passado e faz parte do grupo Dimed, aposta em um portfólio diferencia­do de higiene e beleza. Além de trabalhar com as principais marcas do mercado – a exemplo do que fazem suas rivais –, a Panvel também tem uma estratégia consolidad­a de marca própria. A companhia é dona de uma indústria que produz diversos itens de seu portfólio na região metropolit­ana de Porto Alegre.

A vantagem da aposta na marca própria, segundo Mottin, é a possibilid­ade realizar promoções – uma forma de alavancar vendas em um cenário de crise. Com esse tipo de estratégia, a companhia cresceu, até esse momento de 2018, 9% sobre o ano passado. “Percebemos que as pessoas buscam produtos mais baratos em todos os segmentos”, diz o executivo. “No caso de desodorant­es, percebemos que a venda só ocorre com o produto em promoção do tipo ‘leve dois, pague um’.”

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-25/7/2018 Verticaliz­ada. Rede gaúcha, liderada por Mottin Neto, é dona de fábrica de cosméticos

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