Ordem no caos
As turbulências da sociedade atual inspiram novo romance de Ignácio de Loyola Brandão
Ignácio de Loyola Brandão pretendia publicar um novo romance em 2016, quando completou 80 anos. Mais de 200 páginas estavam escritas quando ele percebeu que não era nada daquilo. “Era a história de um amor rompido, mas, naquele momento, o Brasil é que estava rompido, estilhaçado”, conta ele, que jogou tudo fora (“Deleto tudo para não ficar depois na dúvida: e se aquilo era bom?”) e, depois de uma rotina quase espartana, finalizou Desta Terra Nada Vai Sobrar, a Não Ser o Vento Que Sopra Sobre Ela (Global Editora), que será lançado hoje, a partir das 19 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Seu primeiro romance desde A Altura e a Largura do Nada (Jaboticaba), lançado em 2006, o livro reúne estilhaços do que sobrou da implosão da sociedade brasileira. Fino observador do cotidiano (como comprovam suas crônicas publicadas no Caderno 2), Loyola apresenta aqui uma vida normalizada na anormalidade. “Assim como Zero (1975), que nasceu do sufoco sob a pressão da ditadura e sua censura, violência, torturas, prisões e guerrilhas, Desta Terra surgiu quando percebi que tudo andava confuso no País”, explica. “O Brasil se dividiu. Os grupos estão cada vez mais acirrados – os Nós, os Eles, os Aqueles, os Outros. Uma insegurança geral.”
Foi desse incômodo que nasceu a tumultuada relação de Felipe e Clara, jovens que buscam a ordem no caos. Leia mais da entrevista com Ignácio } de Loyola Brandão na pág. C3