O Estado de S. Paulo

Tema nacional, ironia e ataque marcam o 2º debate em SP

Temas relativos ao Estado são coadjuvant­es diante das discussões do encontro, marcado também por ironias e troca de acusações

- / FABIO LEITE, MATEUS FAGUNDES, GLAUCO DE PIERRI, VALMAR HUPSEL FILHO e IGOR GIANNASI

O segundo debate na TV entre os candidatos ao governo de SP, na RedeTV!, foi influencia­do pela disputa nacional e marcado por ironias e embates. Os temas do Estado, em diversos momentos, deram espaço a trocas de acusações. João Doria (PSDB) e Luiz Marinho (PT) protagoniz­aram os confrontos mais duros da noite. Doria acusou o PT de “destruir, roubar e mentir”. Em direito de resposta, Marinho afirmou que o adversário “traiu o povo” ao deixar a Prefeitura.

O segundo debate na TV entre os candidatos ao governo de São Paulo foi contaminad­o pela disputa nacional e marcado por ironias e embates entre os adversário­s. No evento realizado na noite de ontem pela RedeTV!, os temas do Estado, em diversos momentos, foram coadjuvant­es diante das discussões e troca de acusações entre os postulante­s ao Palácio dos Bandeirant­es.

Participam do debate os candidatos Márcio França (PSB), Paulo Skaf (MDB), Rodrigo Tavares (PRTB), Marcelo Candido (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Marinho (PT) e Professora Lisete (PSOL).

Durante pouco mais de duas horas, Doria e Marinho protagoniz­aram os confrontos mais duros. O candidato do PT escolheu o tema “mulheres” para perguntar ao rival do PSDB, e disse que ele, quando presidiu a Embratur, fez propaganda de mulheres nuas. Em sua resposta, Doria ignorou o questionam­ento e acusou o partido do rival.

“O seu passado o condena, o meu não. Vocês são responsáve­is pela maior taxa de desemprego do País, vocês são responsáve­is pela maior recessão do País, vocês cometeram crimes contra o dinheiro público deste país. Só da Petrobrás o seu partido, o PT, roubou R$ 50 bilhões. O que vocês sabem fazer é destruir, roubar e mentir”, disse o tucano, apontando o dedo para Marinho.

A fala de Doria motivou um direito de resposta concedido ao petista, que aproveitou para citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato e registrado como candidato do PT ao Planalto – e o presidenci­ável tucano, Geraldo Alckmin.

“Esse papo de ficar agredindo o PT não vai funcionar nessa eleição. Isso funcionou em 2016. O povo processou as informaçõe­s e o povo chegou à conclusão que o presidente Lula é um injustiçad­o, está preso de forma injusta e que, portanto, essa é a razão de ele liderar todas as pesquisas de opinião, inclusive aqui no Estado de São Paulo, onde o teu padrinho Alckmin está penando na terceira posição e não sobe”, disse o petista. “E não sobe até por contribuiç­ão de Vossa Excelência, que prometeu ao povo paulistano que cumpriria os quatro anos rigorosame­nte de mandato (na Prefeitura de São Paulo) e traiu o povo.”

Candidato à reeleição, Márcio França fez uma declaração amistosa ao ser questionad­o por Doria sobre o fato de apoiar Alckmin e seu partido, o PSB, ter feito “um acordo informal com o PT” em nível nacional. “Quando passa a eleição, viu João, as pessoas se alinham de novo. As pessoas não vão fazer disso uma guerra em que as pessoas vão ficar inimigas para sempre. Esse dilema de ficar inimigo, de PT e de PSDB, para mim já deu”, afirmou França. “Aqui em São Paulo todos sabem a minha lealdade com ele (Alckmin).”

O candidato do MDB, Paulo Skaf, voltou a ser associado ao governo do presidente Michel Temer. Quando chegou sua vez de escolher o candidato com quem iria debater, a candidata do PSOL, Professora Lisete, disse que queria perguntar ao “candidato do Temer”.

O apresentad­or Boris Casoy interveio: “Candidato do quê?”. Lisete repetiu: “Candidato do Temer, Paulo Skaf”. Sorrindo, Casoy disse que ela teria de perguntar para um candidato identifica­do. “Eu, por exemplo, não sei quem é o candidato to Temer”, afirmou, o que provocou uma reação da plateia. “Claro que eu sei quem é o candidato do Temer, mas temos que manter as regras do debate.”

‘Meme’. O candidato Rodrigo Tavares, do PRTB, teve um “branco” e disse que deverá ser alvo de memes na internet após ficar alguns segundos em silêncio no meio de uma frase na qual criticava as legendas de esquerda. “Esses partidos mais alinhados à esquerda, ao Foro de São Paulo, tem sim, e aqui temos todos aqui representa­ntes dessas agremiaçõe­s, muito a explicar, tem, sim, este tipo de comportame­nto. Nós não. Nos somos... (quatro segundos de silêncio), nós sim, nós não, nós sim, nós não, não sei. Nosso candidato aqui...”, tentou dizer enquanto já ouvia que seu tempo estava esgotado.

Quando teve a palavra novamente, no bloco seguinte, Tavares pediu desculpas. “Sou humano. Sei que amanhã estarei na internet como meme”, disse o candidato. “Vai ter gente falando que eu tive o piripaque do Chaves. Mas errar é humano, não é?”

Adversário­s de Doria aproveitar­am o debate para citar a condenação do tucano por improbidad­e administra­tiva pelo uso do slogan Cidade Linda quando era prefeito da capital (mais informaçõe­s nesta página). O candidato do PSDB, por sua vez, questionou o emedebista pela gestão à frente da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp).

Doria perguntou a Skaf se ele, ao comandar a Fiesp por 14 anos, estaria agindo como o PT – que, conforme o tucano, utiliza uma estrutura sindical para se promover. O emedebista negou que tivesse usado a entidade e mudou de assunto. “Como governador, o que quero fazer investir nas pessoas”, disse.

Os candidatos falaram mais sobre os problemas do Estado no primeiro bloco, quando questionad­os sobre como agiriam para combater o crime organizado e o cresciment­o de facções criminosas. “Tecnologia, inovação, modernidad­e, inteligênc­ia, essencial para todas as delegacias”, disse França.

Doria voltou a citar o lema “polícia na rua, bandido na cadeia”. Skaf falou em adotar um “grande projeto de reestrutur­ação das polícias” e Marinho disse que o crime organizado “foi fruto dos 24 anos do PSDB no Estado”.

 ?? FOTOS: ALEX SILVA / ESTADÃO ?? Confronto. Luiz Marinho (PT) e João Doria (PSDB) protagoniz­am embate mais duro no debate de governador­es e citam presidenci­áveis Lula e Alckmin
FOTOS: ALEX SILVA / ESTADÃO Confronto. Luiz Marinho (PT) e João Doria (PSDB) protagoniz­am embate mais duro no debate de governador­es e citam presidenci­áveis Lula e Alckmin

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil