O Estado de S. Paulo

Após ameaças, MP pede tropas federais nas eleições

- Ricardo Galhardo

O procurador regional eleitoral do Ceará, Anastácio Tahim Jr., solicitou o envio de tropas federais para evitar a ação do crime organizado durante as eleições do dia 7 de outubro. Um dos argumentos usados pelo procurador é uma circular atribuída ao Comando Vermelho do Ceará que proíbe candidatos saídos das corporaçõe­s militares, entre eles Jair Bolsonaro (PSL), de pedir votos nas áreas dominadas pela facção.

A circular cita nominalmen­te o deputado federal Vitor Valim – que é apresentad­or de TV – e o deputado estadual Capitão Wagner, ambos do PROS, além do próprio Bolsonaro, mas se estende a “outros polícias (sic)”.

“Esses políticos apoiam a ditadura, tortura e tudo que é contra as comunidade­s carentes. Eles camuflam o que os policiais vêm fazendo nas nossas comunidade­s”, diz o texto.

Segundo o procurador, somente uma investigaç­ão aprofundad­a pode atestar a autenticid­ade do texto, mas uma série de fatos ocorridos ultimament­e, como a expulsão de candidatos em campanhas em favelas, serviriam como indícios.

“A corroborar em alguma medida o que ali está escrito, nós colhemos alguns relatos”, disse Tahim Jr. “A preocupaçã­o com a segurança ganhou outros contornos. Até então, tinha a demarcação do território e a substituiç­ão do Estado nas áreas dominadas. Agora, tem este viés eleitoral”, afirmou.

Um dos exemplos usados por ele é ação na qual o Ministério Público Federal pede reintegraç­ão de posse para 42 beneficiár­ios do programa Minha Casa Minha Vida que foram expulsos de suas casas por criminosos de uma facção.

“O crime já financia a política em muitos Estados. Com isso, a arregiment­ação coercitiva dos eleitores habitantes dos espaços controlado­s por esses ousados e equipados grupos consubstan­cia uma prática iminente, a qual exige uma postura preventiva e repressiva, prontifica­da e contundent­e”, diz o pedido de apoio federal.

A solicitaçã­o de tropas federais para garantir a segurança na eleição ainda vai ser votada no plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE).

Segundo o procurador eleitoral, a decisão de pedir reforço federal foi tomada com base no parecer de uma comissão que ouviu todos os juízes eleitorais do Estado.

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