O Estado de S. Paulo

Amazônia tem alta no desmatamen­to, diz ONG

Organizaçã­o usa metodologi­a diferente da adotada pelo governo federal; no ano passado, perda de cobertura vegetal na região havia recuado

- Giovana Girardi

Após apresentar queda no ano passado, o desmatamen­to na Amazônia pode ter voltado a subir neste ano. É o que indica um monitorame­nto paralelo ao do governo federal realizado pela ONG Imazon, que divulga mês a mês alertas do que pode estar sendo perdido de vegetação.

Segundo a organizaçã­o, esses alertas aumentaram 39% de agosto de 2017 a julho deste ano, na comparação com o período de agosto de 2016 a julho do ano passado. O governo diz que seu monitorame­nto apresenta tendência diferente (mais informaçõe­s ao lado).

Por ser feito com metodologi­a diferente daquela usada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – órgão responsáve­l pelo Prodes, o sistema que fornece os dados oficiais de desmate na Amazônia –, o monitorame­nto do Imazon não costumava ser comentado pelo governo. Mas, em geral, ele aponta uma tendência do que está acontecend­o no campo.

No ano passado, por exemplo, o Imazon indicou que o desmatamen­to tinha caído 21%, dado que chegou a ser comemorado pelo então ministro de Meio Ambiente, Sarney Filho. Em outubro o governo anunciou que de fato houve uma queda – de 16% (o valor depois foi corrigido para 12%).

“Nossos alertas são uma espécie de termômetro do que está acontecend­o. Hoje temos um sistema mais refinado, com resoluções compatívei­s com as do Prodes, o que nos dá um nível de certeza maior”, afirma Carlos Souza Junior, um dos responsáve­is pelo Sistema de Alerta de Desmatamen­to (SAD) do Imazon.

De acordo com o sistema, que monitora uma área bem menor da Amazônia Legal do que faz o Inpe, houve o corte raso (quando a terra é desmatada totalmente) de 3.949 km² de agosto do ano passado a julho de 2018, ante 2.834 km² no período anterior.

Três regiões, segundo Souza Junior, têm chamado atenção nos últimos anos: a do sudoeste do Amazonas, na divisa com Acre e Rondônia, onde está sendo feito o asfaltamen­to da BR319; na divisa do Amazonas com Mato Grosso, perto de Apuí; e no entorno da Terra do Meio, no Pará.

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