O Estado de S. Paulo

Atletas ameaçam greve para barrar jogos nos EUA

Categoria é contra fazer partidas do campeonato em solo americano por causa do desgaste e do desrespeit­o à torcida

- MADRI

O acordo da semana passada entre a direção do Campeonato Espanhol (La Liga) e a empresa multinacio­nal Relevent para a realização de jogos do torneio espanhol nos Estados Unidos e Canadá provocou revolta entre os jogadores. Eles ameaçam até fazer greve. Ao longo desta semana, atletas de vários clubes iniciaram um movimento contrário às partidas na América do Norte e prometem não se dobrar aos interesses dos cartolas.

Os jogadores argumentam que não foram ouvidos para o acordo, que terá validade de 15 anos, reclamam das questões logísticas por causa do calendário e falam em paralisaçã­o se o projeto for adiante. Um encontro em setembro entre cartolas e atletas deve resolver a questão ou colocar lenha na fogueira.

Ao propor que os jogos do torneio – leia-se do Real Madrid e do Barcelona – sejam feitos no mercado norte-americano, os dirigentes espanhóis pensam na expansão das marcas, venda de produtos licenciado­s e cresciment­o da competição. Entenda-se mais dinheiro. Os espanhóis estão incomodado­s com a expansão das empresas do Catar no mercado francês, a prosperida­de do Campeonato Inglês e a estabilida­de e organizaçã­o do Campeonato Alemão.

Neste mês, a empresa que controla o futebol espanhol fechou acordo com o Facebook, que adquiriu os direitos de transmissã­o da disputa na Índia e em outros países da Ásia.

Do outro lado do oceano, Stephen Ross, executivo norteameri­cano e dono de times como o Miami Dolphins, afirma que o objetivo é ampliar a popularida­de do futebol nos EUA, que receberá a Copa do Mundo de 2026. O potencial dos gigantes clubes espanhóis ficou evidente nos amistosos que realizaram em Miami no ano passado. Os preços dos ingressos variaram de R$ 940 a R$ 32 mil.

O movimento de oposição feito pelos jogadores começou com a troca de mensagens nas redes sociais. Na quarta-feira, eles fizeram uma reunião presencial. Na semana que vem, promovem um novo encontro.

“Nós, jogadores de futebol, não estamos à venda. Não pensamos só no dinheiro, pensamos na torcida e na nossa saúde. Ir aos Estados Unidos é uma loucura, não há tempo no calendário. Chegou o momento de dizer basta”, declarou o presidente da Associação de Futebolist­as Espanhóis (AFE), David Aganzo. “É uma falta de respeito gigantesca tomar esta decisão sem contar para ninguém. Se não nos contentarm­os, estamos dispostos a chegar até o fim e começaremo­s a agir.”

Lideram o movimento os atletas Sergi Roberto e Busquets, ambos do Barcelona; Nacho e Sergio Ramos, do Real Madrid; Juanfran e Koke, do Atlético de Madrid; e Joaquín, do Bétis. Participar­am dos encontros atletas de 14 dos 20 times da Liga.

Os jogadores também reclamam do calendário. As rodadas, antes restritas aos sábados e domingos, agora estão sendo marcadas durante a semana para favorecer a transmissã­o para fusos horários diferentes.

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