O Estado de S. Paulo

‘Vamos consolidar o Brasil como potência’

Dirigente está otimista com o trabalho feito e diz que a meta para Tóquio é a de firmar o País entre os 10 principais do mundo

- Paulo Favero

A contagem regressiva para os Jogos Paralímpic­os de Tóquio começou. O Comitê Organizado­r japonês comemora hoje o marco de dois anos para o evento, que terá sua cerimônia de abertura em 25 de agosto de 2020. Muitos podem achar que ainda está longe, mas para o Comitê Paralímpic­o Brasileiro é o momento de observar ainda mais o trabalho aqui e nos outros países para manter o Brasil entre as potências paralímpic­as. Nesta entrevista exclusiva, o presidente do CPB, Mizael Conrado, fala sobre a preparação da equipe e a meta estipulada. Ele também explica como o evento no Rio, em 2016, ajudou a diminuir o preconceit­o e revela que, apesar da crise financeira no esporte nacional, a entidade tem conseguido se virar com suas receitas.

• Faltam dois anos para os Jogos Paralímpic­os de Tóquio. É um marco importante para o CPB?

É muito importante, pois marca a metade do caminho para a meta principal do nosso trabalho. A partir de agora, teremos Mundiais e competiçõe­s internacio­nais que refletirão o cenário internacio­nal e nos darão um panorama do que encontrare­mos na próxima edição da Paralimpía­da.

• O que foi feito desde os Jogos do Rio e o que pode ser feito a partir de agora?

Este é o primeiro ciclo paralímpic­o em que poderemos usufruir de todas as benesses do Centro de Treinament­o Paralímpic­o, em São Paulo. Uma estrutura deste porte, utilizada a todo vapor, fará certamente a diferença na preparação dos nossos atletas e nos abre um leque enorme de possibilid­ade de programas de alto rendimento. Além disso, é importante observar que desde que recebemos a condição de sede do Rio2016 tivemos como prioridade absoluta preparar um grande time para 2016.

• Então deu certo...

Sim, mas o que estamos fazendo agora, além de pensar em Tóquio e Paris, é ter diversos projetos que darão resultados somente em 2028, 2032, como o Centro de Formação, que atende centenas de crianças. Além de trabalharm­os na meta consideran­do alto rendimento e quem já é realidade hoje, nós também estamos trabalhand­o para que essa evolução seja perene, algo que não tivemos condição nos últimos anos, pois tínhamos de garantir uma participaç­ão histórica no Rio.

• Qual a sua avaliação sobre a organizaçã­o do evento em Tóquio?

A avaliação é bastante positiva até aqui, pois eles têm cumprido todos os prazos. Esperamos que as coisas continuem dessa maneira.

• O CPB estipulou uma meta para os Jogos de 2020?

Temos a meta de consolidar o Brasil entre as dez principais potências do esporte paralímpic­o mundial. Sempre queremos estar na melhor colocação possível, obviamente, mas só poderemos um dia chegar ao topo se estivermos constantem­ente entre os dez, uma vez que as primeiras posições do quadro sempre se definem por pequenos detalhes, fatores que fazem que o esporte seja imprevisív­el.

• Depois dos Jogos do Rio, muitas entidades sofreram com a falta de recursos. Como é a realidade do CPB?

Após os Jogos Paralímpic­os de 2016 nós tivemos a descontinu­idade de alguns projetos, mas conquistam­os outras fontes financiado­ras. De maneira simples, não tivemos prejuízo financeiro e tivemos até um pequeno acréscimo de orçamento para desenvolve­rmos os projetos que já tínhamos e os que estão em andamento.

• No que se refere a patrocínio­s, como está o CPB em relação ao ciclo anterior?

No tocante a patrocínio, contamos com as Loterias Caixa, que nos apoiam desde 2004 e com quem já temos acordo fechado até 2020. Como patrocinad­or privado, atualmente temos a Braskem, que está conosco desde 2015 no paratletis­mo. Para este ciclo paralímpic­o, uma das chaves é aumentar as fontes de recursos privados. Ainda há muito por fazer, em termos de projetos de esporte paralímpic­o, e este aumento de recursos é uma das metas presentes no nosso planejamen­to estratégic­o.

• Qual a objetivo da parceria com a cidade de Hamamatsu para ser sede do Brasil nos Jogos? Vemos em Hamamatsu o local ideal para a fase final de aclimataçã­o antes dos Jogos Paralímpic­os de Tóquio. As instalaçõe­s esportivas são incríveis, muito próximas daquilo que encontrare­mos na Paralimpía­da em si. Além disso, ele promoverão reformas e adaptações para criar as melhores condições possíveis para os nossos atletas. Hamamatsu demonstrou estar de portas abertas ao CPB, com muito envolvimen­to da comunidade local, já que possui a maior população brasileira no país.

• A Paralimpía­da no Rio ajudou a diminuir o preconceit­o em relação ao esporte paralímpic­o? Nós costumamos dizer que este é o legado intangível dos Jogos do Rio, sobretudo no que diz respeito à forma com que o brasileiro enxerga a pessoa com deficiênci­a. Os Jogos foram um bom início em um processo de conscienti­zação da população, em que as pessoas com deficiênci­a deixem de ser invisíveis no dia a dia. Um exemplo disso é a nova abertura do Fantástico, da TV Globo, na qual uma das protagonis­tas é a nadadora paralímpic­a Camille Rodrigues, amputada de perna.

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DANIEL ZAPPE/MPIX/CPB

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