O Estado de S. Paulo

ANP impede retomada de operação da Replan

Petrobrás havia anunciado retorno parcial na refinaria de Paulínia, atingida por incêndio na segunda-feira, mas órgão regulador barrou planos da estatal

- Fernanda Nunes / RIO

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis (ANP) comunicou à Petrobrás que não permitirá a retomada da operação da Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo, nos próximos dias, como a empresa pretendia. Para voltar a produzir combustíve­l na sua maior refinaria, a estatal terá que aguardar autorizaçã­o do regulador. A petroleira já tinha comunicado a intenção de religar ao menos metade das máquinas.

A Replan está parada desde a madrugada da última segundafei­ra passada, quando uma explosão, seguida de incêndio, atingiu três unidades da planta industrial. Não houve feridos, e as causas do acidente ainda estão sendo investigad­as.

A ANP, que acompanha as investigaç­ões, informou que o incêndio começou com a explosão de um tanque que faz parte da unidade de tratamento de água ácida. O fogo, então, se espalhou por duas unidades onde o petróleo é processado e transforma­do em derivados, como gasolina. O incêndio ainda atingiu parte da tubulação principal, que interliga diferentes unidades da refinaria.

Como as máquinas são duplicadas, a Petrobrás pretendia religar as que não foram atingidas pelo incêndio e, assim, retomar parcialmen­te a operação. A Replan tem capacidade para 434 mil barris por dia de derivados e

estava trabalhand­o quase à plena carga no dia do acidente. A refinaria responde por quase 20% da produção da estatal.

“Para o retorno das operações, a Petrobrás deverá encaminhar à agência documentos e informaçõe­s que comprovem condições de segurança adequadas, e aguardar comunicado de desinterdi­ção das instalaçõe­s”, informou a ANP.

Sindicatos representa­ntes dos empregados também se posicionar­am contra a retomada, temendo riscos à segurança dos funcionári­os. “O problema é que várias linhas de tubulação, que passam pelas unidades prejudicad­as, sofreram grandes avarias e essa malha é fundamenta­l para o acionament­o parcial da refinaria”, afirma o Sindicato Unificado dos Petroleiro­s de São Paulo (Sindipetro-SP).

A Petrobrás instaurou comissão interna para investigar o acidente, que contará com a participaç­ão de representa­ntes dos empregados. Outra frente de trabalho foi aberta pela ANP, que deu início a um processo administra­tivo. A estatal não se pronunciou sobre a interdição da Replan pela agência reguladora. No dia anterior, em nota, a empresa havia informado que o abastecime­nto será garantido por outras refinarias, estoques e, se necessário, importaçõe­s.

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DENNY CESARE/CÓDIGO19-20/8/2018 Após explosão. Três unidades da Replan foram afetadas por incêndio; causa é investigad­a

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