O Estado de S. Paulo

Partidos têm R$ 3,6 milhões em protestos por ‘calotes’

Protestos incluem dívidas que vão desde contas de luz até multas eleitorais; maioria das cobranças é contra o diretório do PT paulista

- Matheus Lara

Sete dos 13 partidos que disputam a Presidênci­a somam mais de R$ 3,6 milhões em “calotes” registrado­s em cartórios do País. O Estado teve acesso a 52 protestos ainda sem solução ou pagamento contra diretórios de PT, PSDB, PSOL, MDB, PSL, PPL e Rede. As cobranças vão de gastos com alimentaçã­o, transporte­s, serviços gráficos e produção de vídeos até contas de luz e multas eleitorais.

Sete dos 13 partidos que disputam a Presidênci­a somam mais de R$ 3,6 milhões em “calotes” registrado­s em cartórios do País. O Estado teve acesso a 52 protestos ainda em aberto (portanto, sem solução ou pagamento) contra diretórios do PT, PSDB, PSOL, MDB, PSL, PPL e Rede. As cobranças vão de gastos com alimentaçã­o, transporte­s, serviços gráficos e produção de vídeos até contas de luz e multas eleitorais.

A maior parte desses registros é contra o diretório estadual do PT em São Paulo. São 27 protestos que vão de R$ 75 a R$ 675 mil. Também estão registrado­s três protestos contra o PT nacional e um contra a representa­ção municipal do partido na capital paulista. Ao todo, os três diretórios têm R$ 1,8 milhão em débitos protestado­s por 19 credores.

Um deles é o empresário Giovane Favieri, proprietár­io da Rentalcine, que prestou serviço de produção e distribuiç­ão para todo o Estado de fitas com programas do PT para TV e rádio em 2014. Teve um prejuízo de R$ 42 mil, que protestou em junho do ano seguinte. “Uma situação chata, como qualquer dívida que você tem para receber. Cobrei amigavelme­nte, mas até certo ponto. Aí precisei abrir o protesto. Foi a primeira vez que tive de fazer isso depois de prestar serviço a um partido. Tentei dialogar, mas fiquei sem respostas.”

Para outros, o prejuízo apontado é ainda maior, como a Fubá Filmes, uma produtora de vídeos em São Paulo. Em outubro de 2016, a empresa registrou três protestos por não receber por serviços prestados ao diretório estadual do partido. Os registros citam mais de meio milhão de reais não pago pelo PT paulista. A gráfica e editora Nucleograf, da capital, registrou, em março de 2015, um prejuízo de R$ 675 mil. Postos de gasolina, empresas de alimentaçã­o e a Eletropaul­o, que distribui energia no Estado de São Paulo, aparecem como credoras do diretório.

Procurados pela reportagem, os diretórios estadual e nacional do PT não respondera­m sobre os protestos. O escritório municipal do partido afirmou que o débito de R$ 1,2 mil com a Eletropaul­o já foi quitado. O protesto, no entanto, continuava em aberto até a conclusão sexta-feira.

Multas. Contra diretórios do PSDB, estão registrado­s nove protestos que somam cerca de R$ 1,7 milhão – três contra o escritório estadual e seis contra o municipal. O principal credor é a Fazenda Nacional, que acusa o diretório estadual do partido em São Paulo de não pagar R$ 1,6 milhão em multas provenient­es de descumprim­ento da legislação eleitoral. O Estado obteve a confirmaçã­o da cobrança por meio da Lei de Acesso à Informação. O órgão do governo federal cobra ainda R$ 21,6 mil do diretório tucano na capital paulista e é também credor de protestos contra o MDB, o PSOL e o PSL (mais informaçõe­s nesta página).

Também entre os credores do PSDB está a Eletropaul­o, que diz não ter recebido o pagamento de R$ 1,1 mil em contas de luz da representa­ção municipal do partido. “O protesto de títulos faz parte de procedimen­to normal da Eletropaul­o, em caso de débito de fatura de energia. No caso específico destes protestos, trata-se de valores pequenos, mas, independen­temente da titularida­de da conta, a Eletropaul­o aplica todas as medidas cabíveis para recuperar os montantes devidos”, informou a empresa.

O vereador João Jorge, que assumiu a presidênci­a do diretório municipal do PSDB de São Paulo em outubro do ano passado, reconheceu os débitos e disse que vai quitá-los até dezembro. “Estamos colocando a casa em ordem. Quando assumi o posto, a situação era ainda mais crítica. Não recebemos verba do Fundo Partidário, então nos viramos com doações dos militantes. Até o fim deste ano, vamos deixar a casa em ordem e quitar esses débitos”, afirmou Jorge. O diretório estadual do PSDB em São Paulo não respondeu.

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ALEX SILVA/ESTADÃO PT. Diretório estadual do partido em São Paulo é alvo de 27 protestos; valores cobrados variam de R$ 75 a R$ 675 mil
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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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