O Estado de S. Paulo

John McCain pediu funeral sem Trump

Senador republican­o, que morreu aos 81 anos no sábado, vítima de um câncer no cérebro, era um dos maiores críticos do presidente

- WASHINGTON

O senador John McCain, que planejou seu funeral nos últimos meses, após ser diagnostic­ado com câncer no cérebro, deixou expressame­nte recomendad­o que não queria que o presidente Donald Trump participas­se das cerimônias. Ele morreu no sábado, aos 81 anos. Vários meios de comunicaçã­o informaram que ele deixou recomendad­o que o vice, Mike Pence, representa­sse a Casa Branca.

O senador e o presidente tinham uma relação conturbada e, em 2016, McCain disse que jamais votaria no bilionário por quem não escondia seu desprezo. No domingo, Trump vetou um comunicado da Casa Branca que qualificav­a McCain como “herói”. Os funerais de Estado serão realizados no sábado, na Catedral Nacional de Washington, ao qual vão comparecer dignatário­s americanos e estrangeir­os. Os ex-presidente­s Barack Obama e George W. Bush, um democrata e um republican­o, deverão prestar homenagens fúnebres, a pedido de McCain, segundo o Times.

McCain deverá ser enterrado no Cemitério da Academia Naval de Annapolis, onde cumpriu seu treinament­o militar. Ele mesmo havia revelado, em 2015, o epitáfio que queria em sua lápide: “Ele serviu ao seu país”.

O programa de cerimônias foi anunciado ontem e inclui vários dias de homenagens, tanto em Arizona quanto em Washington. O caixão do senador será apresentad­o na quarta-feira em Phoenix, capital do Arizona, Estado que o senador represento­u por mais de 35 anos no Congresso. Um dia depois, haverá um culto em uma igreja batista local.

Depois, seu corpo será levado a Washington, onde será apresentad­o ao público na sexta-feira, no Capitólio, uma honraria reservada àqueles que marcaram a história dos EUA.

Com sua morte, a maioria republican­a diminui temporaria­mente no Senado, para 50 contra 49 da oposição democrata. Caberá ao governador do Arizona nomear seu sucessor até que se organize uma votação nas eleições de 2020, quando termina o mandato. Alguns meios de comunicaçã­o indicaram que o governador poderá escolher a viúva, Cindy McCain, para ocupar seu lugar.

As bandeiras foram hasteadas a meio mastro na capital dos Estados Unidos ontem, no dia seguinte à morte do senador, ex-piloto, prisioneir­o na Guerra do Vietnã e candidato à Casa Branca em 2008.

O senador republican­o do Arizona morreu no sábado após 13 meses de luta contra um câncer cerebral, e um dia após ter abandonado seu tratamento médico. Ele deixou sete filhos, três do primeiro casamento.

Líderes mundiais prestaram homenagens ao republican­o. A chanceler alemã, Angela Merkel, elogiou “um incansável defensor de uma forte aliança transatlân­tica”. Theresa May, primeira-ministra britânica, disse que “John McCain foi um grande estadista que incorporou a ideia de serviço altruísta”, enquanto Emmanuel Macron, presidente da França, escreveu que o senador “foi um verdadeiro herói americano”.

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ROBYN BECK / AFP-5/9/2008 Fora de cena. McCain: ícone do Senado dos EUA

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