‘Não há outra alternativa se não a de investir em infraestrutura’
Após um longo período de recessão que atingiu em cheio as indústrias de cimento do País, que tiveram queda nas vendas e várias unidades fechadas, a Votorantim Cimentos voltou a ficar mais otimista com a recuperação do setor. Para Walter Dissinger, presidente da Votorantim Cimentos, principal divisão de negócio do grupo da família Ermírio de Moraes, o pior já passou. A expectativa, segundo o executivo, é de que a produção nacional de cimento feche este ano estável em relação a 2017 ou, na pior das hipóteses, com ligeira queda.
O País passou por uma severa crise. A situação melhorou para as indústrias de cimento? Houve uma forte queda da produção e da demanda nos últimos anos. Em 2014, a produção nacional ficou em 72 milhões de toneladas. No ano passado fechou em 54 milhões de toneladas. Este ano, considerando o cenário mais otimista, estabiliza em 54 milhões, ou encerra com ligeira queda, a 53 milhões de toneladas.
Estão mais otimistas com a troca de governo?
Acreditamos que o novo governo – independentemente de quem for eleito – dará prosseguimento às reformas econômicas. Com isso, esperamos retomada dos investimentos em infraestrutura. Não há outra alternativa a não ser o País investir em infraestrutura. O setor de cimentos deve crescer de 3% a 4% nos próximos anos.
A Votorantim Cimentos planeja investir fora do Brasil para compensar a queda das vendas no mercado interno?
Como somos uma empresa global, com unidades produtoras fora do País, o desempenho no exterior nos ajudou a superar a crise que se abateu sobre o Brasil. O setor está com capacidade ociosa de 52% a 53%. Sobre investimentos, concluímos um ciclo de aportes de R$ 5 bilhões entre 2015 e 2017. Esse valor incluiu novas unidades. O movimento agora será focar na inovação e modernização de nossas unidades. O investimento entre 2018 e 2022 será de R$ 4 bilhões.
Qual o peso do País na receita do grupo?
O Brasil responde por 60% da receita de R$ 11,1 bilhões (em 2017). Atuamos em 12 países.
Que tipo de inovação este setor demanda?
Há uma série de melhorias tecnológicas que podem ser trabalhadas na cadeia. Mas ainda não há como mudar o jeito de se fazer cimento. Podemos, porém, substituir o combustível fóssil por resíduos no processo industrial. Já usamos, por exemplo, o caroço de açaí no Norte do País. Em outras regiões, pneus e resíduos urbanos são matériaprima para a cogeração de energia.